Diário de Bordo
Rebobinando a montanha russa: uma retrospectiva do Ibovespa em 2022
Estou escrevendo este DB na tarde da última quarta (21/dez), quase na virada do ano. E a imagem que você vê abaixo é o desempenho acumulado do nosso índice Ibovespa no ano. Por enquanto, uma alta tímida de +2,49% com muito sobe e desce no meio do caminho, como você pode ver pelo gráfico.
Farei a análise com o índice Bovespa, que é o mais conhecido. Mas dado sua alta exposição às commodities, principalmente ao minério de ferro, ele acabou camuflando a péssima performance do mercado em geral. Por exemplo, o índice de Small Caps tem uma forte queda quase 17% no ano…
É o retrato de um ano desafiador, com tanto assunto que fica até difícil de lembrar de todos, em uma “retrospectiva” clássica. Teve o início de uma guerra entre Rússia e Ucrânia, que ainda não acabou; teve alta de juros para conter a escalada da inflação como tema central no Brasil e no mundo; teve Covid na China; teve as eleições com resultado mais apertado da história de nossa democracia; e ainda teve a Copa do Messi. Não faltou motivo para essa montanha russa nos ativos de risco. Resolvi fazer um “mês-a-mês” para vocês terem noção de como esse ano foi “louco”.
Com base nessa instabilidade, fica difícil fazer prognósticos para 2023 (se alguém tem alguma opinião categórica sobre o que virá, desconfie). Mas acho que o aprendizado de 2022 serve para que a gente entenda ainda mais a importância da diversificação, da reserva de emergência (enquanto a Selic estiver em 13,75%, o caixa é um ‘no brainer’ – decisão óbvia) e do foco no longo prazo, tentando ao máximo evitar decisões impulsivas. Eu particularmente acho que, se o governo eleito não flertar com o abismo, o Brasil pode ter um bom ano, porque nossa Bolsa está muito barata em termos históricos. A gente foi mais rápido do que o resto do mundo na contenção da inflação e, como diz o Felipe Miranda, somos “the only game in town” em matéria de países emergentes. Mas, como eu disse, o governo eleito não pode flertar com o abismo. É pedir demais? Por enquanto, infelizmente, parece que sim.
Abaixo, vamos às análises mês a mês da Bolsa em 2022. Em tempo, quero desejar a você, cliente Empiricus, boas festas (Feliz Natal e Feliz Chanuká) e uma excelente virada de ano.
Obrigado pela confiança. Continue esperando de nós o que sempre nos caracterizou: produtos exclusivos e ‘fora da caixa’, inteligência financeira da melhor e maior casa de research do Brasil e um contato cada vez mais próximo para entender os seus objetivos financeiros. Meu compromisso é continuar inovando e melhorando cada vez mais.
Não teremos Diário de Bordo na semana que vem. Nos reencontramos, se D’us quiser, no dia 12 de janeiro de 2023.
Um janeiro eufórico: +6,98%
O ano de 2022 começou muito bem, com a nossa Bolsa subindo quase +7%, batendo inclusive as Bolsas lá fora, de maneira significativa.
Na contramão do Brasil, o S&P 500 e o Nasdaq 100, em dólar, fecharam com queda de -5,26% e -8,52%, respectivamente. Já o MSCI World na moeda original ficou em -5,34% no ano. Reflexo da guinada brusca nas expectativas com relação às altas nas taxas de juros. As quedas tiveram a ver com um tom mais contracionista das divulgações do Fed, que só começou de fato a subir as taxas em março.
O que impulsionou a nossa Bolsa naquele mês foi o setor financeiro (principalmente Itaú, B3 e Bradesco) e, claro, as commodities.
Fevereiro e o início da guerra: +0,89%
Em fevereiro, a Bolsa brasileira ‘andou de lado’, ficando quase no zero a zero. Mas não foi, nem de longe, a maior preocupação dos investidores.
A consequência óbvia do ataque foi a explosão do preço de commodities de alguns de nossos fundos temáticos, como petróleo, cobre, ouro e urânio.
A guerra ainda não acabou, parece estar longe de um desfecho e vem sendo um fator preponderante para a inflação, que marcou como sendo a maior preocupação macroeconômica de todo o ano de 2022 no mundo inteiro.
Março nos deu um drible: +6,06%
Março foi aquele mês que nos deu uma “enganada boa”. Mesmo com guerra, com subida das taxas de juros no Brasil e nos EUA e com um cenário conturbado, as Bolsas do Brasil e do mundo subiram. As criptomoedas também performaram bem nesse mês atípico.
Como você pode ver no desenho do gráfico acima, em que eu destaquei o mês de março, infelizmente o mês foi uma miragem. A descida do meio do ano viria com tudo logo depois.
Abril em queda livre: -10,10%
Esse foi um mês pra se esquecer. O Ibovespa caiu mais de -10% e as Bolsas lá fora também foram muito mal. Tudo porque foi em abril que o mercado mundial percebeu que havia chances reais de recessão nos EUA e na Europa. Finalmente, as autoridades fiscais e monetárias se deram conta de que a inflação tinha chegado pra valer e que era necessário aumentar o esforço contracionista de verdade. Foi aquele momento que o único seguro no mercado era colo de mãe. O Ibovespa apenas refletiu esse cenário como grande beta que é.
Maio e o voo de galinha: +3,22%
Maio foi um mês de pequena recuperação da Bolsa brasileira, com uma alta de mais de +3%. Mas a gente já sabia que não era motivo para muita comemoração, até porque tanto o nosso Copom quando o Fed lá fora aumentaram as respectivas taxas de juros. No Brasil, chegamos a 12,75% ao ano, nos EUA o Federal Reserve elevou a taxa de juros em 0,5% para o intervalo de 0,75% e 1%. Esta foi a primeira alta desta magnitude por lá desde 2000.
Outro evento marcante foi o ataque especulativo à Luna. As criptomoedas, que já vinham sofrendo com a saída dos investidores dos ativos de risco, derreteram no mês. Em dólar, o Bitcoin caiu – 17,66% e o Ethereum, – 31,02%.
Junho e mais uma traulitada pra baixo: -11,50%
A queda de abril tinha sido a pior desde a pandemia. Depois do respiro de maio, veio a queda de junho. Tão ruim quanto a de abril. A Bolsa brasileira caiu -11,50%, como você pode ver na imagem acima.
Foi um repeteco do pesadelo de abril: juros subindo, inflação aumentando, bolsas caindo em todos os cantos do mundo. Para piorar, neste mês o real se desvalorizou frente ao dólar. Tudo com a cereja de bolo de mais aumentos nas taxas de juros com comentários absolutamente contracionistas de todas as autoridades fiscais. Junho, justo o mês do meu aniversário, foi dureza. Foi o pior momento do ano para ativos de risco.
Julho e um respiro: +4,69%
Em julho, o inferno deu uma pequena acalmada. A Bolsa subiu +4,69% e as eleições começaram de vez a entrar em pauta. A boa notícia foi que o mercado já ‘precificava’ os dois principais candidatos no pleito. Para ganhar votos, ambos teriam que abandonar o discurso mais extremista para “ir ao centro”, o que sempre foi muito bem-visto pelos ativos de risco.
Os aumentos de juros continuavam, mas, principalmente aqui no Brasil, já começávamos a encontrar luz no fim do túnel com a desaceleração da inflação. Lá fora a recuperação foi rigorosa, com o S&P 500, o Nasdaq 100 e o MSCI World apresentaram desempenho de +9,11%, +12,55% e +7,8%, respectivamente, em suas moedas originais.
Agosto promissor: +6,16%
Depois de uma recuperação em julho, em agosto a Bolsa “pegou no breu” e subiu +6,16%, como você pode ver acima. O grande responsável por essa bonança foi o IPCA, que chegou com números deflacionários pela primeira vez em dois anos (a queda no preço dos combustíveis foi a principal causadora dessa deflação). A gente só não sabia que começaríamos um sobe e desce desenfreado, que marcou o segundo semestre.
Foi um mês de total descolamento do Brasil, já que, nas bolsas globais, o S&P 500, o Nasdaq 100 e o MSCI World, todos em sua moeda original, tiveram desempenho de –4,24%, -5,22% e –4,33%, respectivamente.
Setembro doido: +0,47%
Pode ver o padrão do gráfico acima. Setembro foi um mês do mais puro sobe e desce pré-eleição. O assunto passou a ser só e unicamente a disputa eleitoral. Enquanto isso, os números macro de nossa economia continuavam bons, principalmente os referentes à inflação. A Bolsa ficou no zero a zero, mas teve bastante solavanco entre o primeiro e o último pregão do mês.
As resoluções de outubro: +5,45%
Outubro começou com a Bolsa voando, com os resultados do primeiro turno mostrando os candidatos mais à direita com mais força do que imaginavam as pesquisas. Mesmo com Lula ainda favorito, ficou claro que ele teria que sinalizar ainda mais para o centro para garantir a vitória, já que Bolsonaro ganhou força depois do primeiro turno.
Depois, a Bolsa seguiu numa gangorra, querendo mais sinalizações pró-mercado de ambos os candidatos e esperando o resultado do segundo turno, que se mostrou positivo no dia 31 de outubro, um dia útil depois de selada a vitória de Lula, pela margem mais apertada de nossa democracia. Também em outubro o Copom chegou ao seu “teto”, mantendo a taxa e juros em 13,75%. Mas alegria mesmo eu só tive no finzinho do mês com o Flamengo ganhando a Libertadores.
Novembro e o risco fiscal aumentando: -3,06%
A partir da decisão eleitoral, as decisões do governo eleito passaram a pautar o mercado. E isso continua dessa forma até hoje. Continuamos em uma ressaca pós-eleições, acompanhando com preocupação algumas das sinalizações do novo governo. Algumas falas do presidente eleito fizeram a Bolsa perder muito do que tinha conseguido no mês anterior. A incerteza com relação aos nomes fortes da economia também foi uma tônica do mês junto com a percepção que a PEC da Transição causaria estragos importantes no quadro fiscal do país.
E a bolsa até que foi comedida se comprarmos com os juros, que subiram fortemente, inclusive começando a precificar novos aumentos na Selic em 2023, algo que até então estava completamente fora de cogitação.
Dezembro sem fim: -4,49% (até o dia 21/12)
Bom, agora estamos no terço final de dezembro. A bolsa se recuperou nos últimos dias (+2,03% ontem, 20/dez e +0,53% hoje, 21/dez) porque a PEC da Transição perdeu força nos últimos dias e acabou aprovada na Câmara dos Deputados com prazo reduzido de 2 para apenas 1 ano.
Se não fosse essa alta ontem, a Bolsa estaria caindo quase 7% só neste mês, o que apagaria a pequena alta do ano. Também pudera: o mercado não gostou nem um pouco de nomes escolhidos, como Haddad na Economia, Mercadante na presidência do BNDES (pronto para gastar os tubos), que remetem mais a um PT à la Dilma do que um PT à la Lula 1.
O fato de o pregão de um dia ser decisivo para o resultado da Bolsa no ano inteiro (se não fosse hoje, estaríamos praticamente no zero a zero em 2023) mostra como a Bolsa foi instável.
Poderia ter escrito essa retrospectiva usando o câmbio (que foi mais comportado durante o ano, com Real subindo 7,18% frente ao Dólar) ou as taxas de juros futuras (que foram ainda mais voláteis que a Bolsa esse ano) ou ainda o índice Small Caps, que foi bem pior que o Ibovespa, como comentei. Não mudaria a mensagem que quero passar aqui.
Espero que, no ano que vem, a aventura do investimento em ativos de risco traga um pouco menos de solavancos. Mas isso é puro wishful thinking. O que interessa é ter um portfólio diversificado e saber como “correr para as colinas” caso tudo dê errado. Para isso, conte com a gente.
Chegou até aqui? Eu acho que você gostaria de passar pro nosso lado do balcão…
Ótima notícia para quem quer entrar para o Mercado Financeiro com uma formação executiva e a chancela de uma grande instituição de ensino: a Empiricus, em parceria com a FAAP, vai abrir uma nova turma para o MBA em Mercado Financeiro.
A partir do dia 9 de janeiro, eu vou apresentar as 4 aulas inaugurais e gratuitas, que só de assistir você já poderá ganhar um certificado de participação. Para recebê-las, é só acessar aqui e efetuar sua inscrição.
Skin in the game: investimento em previdência
Aqui na Empiricus Investimentos, a gente costuma falar que investe em nossos produtos na física e na jurídica. É a maneira mais simples e palpável de mostrar que o nosso dinheiro está junto com o dos nossos clientes. E o que a gente mais quer é que o nosso dinheiro – e o da nossa família — renda o máximo e de maneira sustentável, não é verdade?
Com foco nisso, mostro aqui meu aporte recente no nosso novíssimo FoF SuperPrevidência Multimercado. Caso você não conheça, é o fundo que faltava na família SuperPrevidência. Um fundo de fundos de previdência com apenas o filé mignon dos fundos multimercados da categoria. A escolha dos fundos é inspirada em relatório do Bruno Mérola e conta com algumas das melhores casas do Brasil. O fundo é inspirado no FoF Melhores Fundos Multimercados, que já rendeu 13,20% apenas em 2022. Confira abaixo a boleta do meu investimento.
algumas das melhores casas do Brasil. O fundo é inspirado no FoF Melhores Fundos Multimercados, que já rendeu 13,20% apenas em 2022. Confira abaixo a boleta do meu investimento.
Recados sobre Fundos de terceiros
Nesta semana, tenho alguns recados rápidos para você:
– Recomendados pela Empiricus, o Trígono Flagship Small Caps e o Navi Long Biased irão fechar para aportes na terça (27) e na quinta (29), respectivamente;
– O Tarpon GT 90, fundo de ações small e mid caps, passou a ser recomendado pela equipe da série Os Melhores Fundos de Investimentos; e
– Se você é cotista do Captalys Panorama, fundo de crédito que fechou recentemente para resgates, amanhã (23), seria a assembleia para votação da manutenção ou não do fechamento, contudo, ela foi adiada para o dia 06/01/2023.
Mudanças nos nossos fundos
No fechamento de hoje, o FoF ESG Carbono será incorporado no FoF Melhores Fundos Ações.
Vale lembrar que esses movimentos foram aprovados em assembleia e eles buscam maximizar a eficiência e estrutura de custo dos produtos.
Live: 5 ações para 2023
Nosso especialista em Trading, Filipe Fradinho, protagonizou uma live esta semana com o seguinte tema: 5 ações para 2023. São 5 tickers referendados pelo nosso research e analisados pelo Fradinho à luz da análise técnica. A live foi bem elucidativa. Vale dar uma checada. Clique aqui para acessar.
Sobre calendário de newsletters neste fim de ano
Neste fim de semana do dia 24 de dezembro, não teremos nem a newsletter de renda fixa, escrita pelo Gabriel Mallet, nem a de renda variável, escrita pelo Marcel Andrade. A carteira do nosso especialista de trading, Filipe Fradinho, também só estará disponível pelo telegram da área. Ou seja, não vai ser disparada por e-mail. Acesse o Telegram de Renda Variável por aqui.
Na semana que vem não teremos nossa newsletter diária, o Mercado em 5 Minutos, assinada pelo Matheus Spiess. O M5M volta no dia 3 de janeiro.
E, como eu disse antes, não teremos também o meu Diário de Bordo na semana que vem. Voltarei em 5 de janeiro de 2023.
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