Diário de Bordo
Em fevereiro teve carnaval
A Sapucaí ficou vazia, não teve trio elétrico em Salvador e as bandas de frevo não soaram nas ladeiras de Olinda. Foi assim que eu comecei esse mesmo Diário de Bordo há dois anos, numa mesma quinta-feira pós-carnaval. E só de olhar a imagem acima, dá para perceber que a situação hoje mudou – e para melhor.
Claro, a vida infelizmente não é feita só de notícias boas. O mundo ainda vive uma guerra que parece cada vez mais longe de acabar. E aqui no Brasil passamos agora por uma grave crise humanitária no litoral norte de São Paulo, castigado por fortes chuvas. Tudo isso em meio ao carnaval, já que como diz o escritor Luiz Antonio Simas, “festa não se faz porque a vida é boa, mas pela razão inversa”.
A vida é complexa. E essa complexidade também acontece – e muito – no que nos diz respeito aqui, que é o nosso patrimônio de cada dia. Se na época em que escrevi aquele Diário de Bordo o cenário macro era de incerteza e pessimismo, pelo menos nesse aspecto temos alguma razão para sorrir.
Naquele fevereiro de 2021, as empresas do mundo todo enfrentavam com as armas que dispunham naquele momento a pandemia da COVID-19 e seus graves efeitos na economia, um ano depois do seu início. Hoje, a questão sanitária está praticamente resolvida e se por um lado ainda vivemos num cenário de inflação mundial longe de acabar, por outro lado já conhecemos melhor nosso oponente.
Para ilustrar ainda mais essa complexidade, há dois anos vivíamos o auge dos ativos de risco. O Bitcoin estava acima dos US $ 50.000 dólares; hoje, ele está abaixo dos US $ 25.000. O mesmo vale para as empresas ligadas à tecnologia, que experimentaram um boom na época da pandemia e sofreram forte correção nesse último ano.
E quando olhamos para o nosso cenário econômico, a complexidade novamente se faz presente. O Brasil, de forma muito competente por parte do Banco Central, conseguiu se antecipar ao cenário internacional de inflação com o aumento da Selic (a taxa básica de juros), tornando hoje nossa Bolsa barata e atrativa ao investidor externo. Seria o cenário ideal para decolarmos em pouco tempo, mas com o novo governo questionando desnecessariamente as decisões e a própria independência do BC, vamos precisar de estômago e alguma dose de paciência para lidar com esse cenário.
Se de dois anos para cá tivemos todas essas mudanças (muitas boas e outras nem tanto), pelo menos no que diz respeito ao nosso patrimônio, a forma de enfrentá-las permanece a mesma. Como eu disse lá atrás, a única forma de você estar “pronto” é assumir que não consegue estar pronto para nada. Não expor seu dinheiro a uma única tese, aplicar em investimentos que estão descorrelacionados (que não caem nem sobem “em orquestra” se acontecer qualquer evento específico). E, muito importante, não entrar em euforia.
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Um abraço,
Jojo Wachsmann
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