Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

Você assistiu ao grande ganhador do Oscar esse ano? A história se baseia na premissa do multiverso e da possibilidade de saltar entre uma realidade paralela e outra. Com 7 estatuetas o filme é uma verdadeira loucura.  

Pensei nisso quando havia notado a quantidade de notícias diferentes que aparecem no nosso dia a dia. Como damos conta de tantas coisas simultâneas acontecendo? E quais delas são relevantes para você cuidar do seu dinheiro ao longo do tempo? 

Para os futebolistas são paulinos, a troca de treinadores, sai Ceni entra Dorival, é o tema central. Eu confesso que ainda tenho saudades do Dorival mas estou um pouco mais confiante com a chegada do Sampaoli no meu Flamengo. O técnico do Corinthians também caiu, agora à tarde, depois do resultado ruim de ontem. 

Caminhando hoje para o trabalho, não pude deixar de notar o aumento do policiamento nas portas das escolas. As mídias sociais e grupos de WhatsApp de pais de alunos não falaram de outra coisa essa semana: a ameaça (falsa espero) de ataques às escolas, em comemoração sádica aos 24 anos do ataque à escola Columbine nos EUA. 

As ações da Tesla caem nos EUA (cerca de 10%) com os resultados do 1º trimestre, na sombra do malfadado lançamento do super foguete da SpaceX nessa manhã. Os resultados dos grandes bancos lá fora foram bons, enquanto os resultados das empresas de tech começaram a vir um pouco piores. Mas ainda faltam as principais empresas. 

Na tela da Bloomberg (o monitor onde eu vejo os principais indicadores financeiros), o que me chama atenção nessa semana foi o movimento negativo dos ativos locais. A bolsa ainda sobe no mês, mas perdeu 2% nessa semana. O câmbio que chegou em 4,90 semana passada, subiu até 5,07 ontem. 

O mau humor dos últimos dias parece relacionado ao arcabouço fiscal que chegou essa semana ao Congresso. A expectativa é que ele seja votado e aprovado nas próximas semanas até meados de maio.  

É verdade que o texto que chegou lá é um pouco pior do que vinha sendo discutido anteriormente, e ainda sobra muitas dúvidas sobre como o governo pretende aumentar as receitas para fazer frente aos gastos desejados.  

Um exemplo claro da dificuldade nessa frente, além do recado do Congresso que já avisou que não pretende aumentar impostos, foi o caso do imposto sobre pequenas importações (abaixo de USD$ 50). O governo voltou atrás com a ideia do “Imposto Shein” (ou “impostrabando”) por força da opinião pública negativa, que tem seu poder especialmente frente a um governo mais populista.  

Hoje cedo, tive a oportunidade de participar de um café da manhã oferecido por uma das mais tradicionais gestoras do país. Na discussão sobre cenário, global e local, ficou ainda mais claro esse ponto.  

Sim, o arcabouço é ruim. Não há praticamente nenhum compromisso (ou enforcement) que de fato garanta que os políticos e administradores públicos cumprirão o combinado. O desenho proposto tampouco incentiva reformas que tornem os gastos mais eficientes, além de incentivar erros na projeção da inflação futura. 

Mas não há como negar que ele (do jeito que está) já é suficiente para tirar o risco de cauda, ou evitar um cenário extremo de descontrole fiscal. 

Ao manter a vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal nos principais parágrafos e não alterar a lei que determina que os gastos não podem crescer mais do que 2,5% ao ano, o arcabouço proposto é muito melhor do que muitos temiam até poucas semanas atrás. 

Inclusive se olharmos historicamente o crescimento de despesa obrigatória ao longo dos últimos 25 anos, mesmo assumindo que os gastos ultrapassem levemente essa barreira dos 2,5% ao ano, a expectativa é que os gastos nos próximos anos fiquem razoavelmente abaixo dos níveis incorridos durante o primeiro e segundo governo Lula ou durante o governo Dilma. 

O mercado já dá sinais de que entendeu isso e precifica que o governo vai conseguir pelo menos metade das receitas esperadas. Em algumas previsões de juros e inflação futuras já podemos ver a percepção de risco melhorando. 

A inconsistência aparente fica por conta da nossa Bolsa que precifica ainda um cenário desastroso para o problema fiscal. E essa pode ser a grande oportunidade de investimentos que podemos ter nesse ano. Aproveitar a promoção dos preços das ações das empresas brasileiras. 

MBA

Sabendo de toda essa loucura de informações, você já pensou em passar aqui pro nosso lado do balcão? 

Eu não vou mentir, a responsabilidade é grande. Gerir recursos de terceiros, tomar decisões em prazos mínimos e viver sob a aleatoriedade são só alguns dos ingredientes da nossa rotina. Por isso também, os salários e os bônus costumam ser tão bons.  

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 Bom feriado. Até a próxima semana!  

Um abraço,  

Jojo Wachsmann