Diário de Bordo

Globalizando a sua aposentadoria

João Piccioni

26 jun 2024, 17:48 (Atualizado em 27 jun 2024, 10:49)

A mente pode pregar algumas peças, mas se eu me recordo, a primeira vez que pensei na formação de um pé de meia para minha aposentadoria, eu deveria ter ao redor dos 31 anos — cerca de 12 anos atrás. Antes disso, tudo o que havia ganhado (muito pouco por sinal) era direcionado para as ações brasileiras de uma forma até desordenada: a ação “da vez”; aquela “small cap” brilhante capaz de multiplicar o patrimônio; e por aí vai…

Só parei para refletir sobre a acumulação de patrimônio pessoal quando me tornei o Portfolio Manager responsável pelas estratégias de renda variável da minha ex-gestora. Especialmente depois da montagem de um fundo cuja estratégia era baseada em proventos. Naquela época, os fundos de investimento podiam distribuir aos seus cotistas os dividendos recebidos pelas ações investidas sem que houvesse tributação. Aquele “pinga-pinga” mensal — a carteira era construída de tal forma que sempre haviam dividendos a serem distribuídos — me fez refletir muito sobre o que fazer com o capital extra que entrava na minha conta. Quase tudo acabava voltando para o mesmo fundo — algo bastante razoável —, mas decidi ali que uma parcela dessa remuneração seria poupada na velha (e até então caríssima) renda fixa. 

Caríssima, porque na época os instrumentos de renda fixa tradicionais não pagavam tão bem. As taxas de remuneração dos bancos sequer chegavam aos 95% do CDI. Se retirássemos os impostos, o retorno líquido era baixo. O mesmo valia para o Tesouro Direto, que mantinha taxas de custódia elevadíssimas. As debêntures eram inacessíveis (e extremamente voláteis). Os fundos de renda fixa dos grandes bancos eram opções ruins, dadas as elevadas taxas de administração, que se equipariam hoje aos custos dos multimercados e fundos de ações, mesmo comprando somente títulos públicos pós-fixados. A previdência privada era uma piada de mau gosto, com suas taxas de carregamento (existia o fee para aportar dinheiro — coisa mais absurda) e administração elevadíssimas. Poupar para o longo prazo era algo realmente incômodo. Às exceções eram os títulos do tesouro atrelados à inflação (as velhas e boas NTN-Bs) e o dólar, cujo custo de carregamento era elevado, mas pelo menos era uma moeda forte.

Passados esses 12 anos, o cenário para investimentos aqui no país mudou completamente. A profundidade para a seleção de ativos se ampliou vertiginosamente. Se antes, acessar fundos ou investimentos no exterior era algo bastante difícil para o investidor comum, hoje ele está a um ou dois cliques de distância por meio das plataformas de investimento. Os fundos de Previdência Privada mudaram sua cara e agora contam com estratégias mais avançadas e taxas bastante competitivas. E pelo menos o benefício fiscal da classe foi poupado, garantindo àqueles que utilizam o instrumento  as restituições do IR na hora de declarar e, também, impostos menores no resgate e a isenção do famigerado come-cotas.

No entanto, o que não mudou de lá para cá são os ativos capazes de construir uma boa poupança de longo prazo para os investidores. Passados os últimos dez anos, os títulos públicos brasileiros atrelados à inflação — o Tesouro IPCA — ainda proporcionam um binômio risco e retorno bastante interessante sob a ótica de acumulação, fruto da fraca condução político-econômica do país ao longo dos vários governos que tivemos (parece algo mesmo estrutural); e as ações internacionais que, apesar dos eventuais soluços, guardam uma capacidade de remuneração crescente aos seus acionistas — como de fato deveria ser — e detêm um poder elevadíssimo de compor retornos (o tal do compounding, mencionado inúmeras vezes pelo megainvestidor Warren Buffett).

Sob essa ótica, em 2022, a Empiricus Gestão montou um fundo de previdência que alia o poder desses dois instrumentos. O Empiricus Global Real Return Previdência FIM possui em sua composição cerca de 60% de títulos do tesouro brasileiro atrelados à inflação que vencem daqui a 30 anos; e o ETF da Investo WRLD11 (Investo FTSE Global Equities ETF FDI), negociado na B3, cujo ativo investido é o Vanguard Total World Stock (NYSE ARCA: VT), composto por mais de 9 mil empresas em diversos países do mundo.

Na época, o que levou a ratificação da montagem do fundo (além do desejo de alguns investidores da Empiricus Gestão) foi o backtest extremamente favorável. Entre 2012 e 2022, o retorno acumulado da estratégia teria alcançado 431% no período, ou cerca de 18% ao ano em reais. Nada mal, dado o comparativo contra o CDI (128%), ainda, o Ibovespa (111%).

Gráfico 1 — Retorno acumulado da estratégia empreendida pelo Empiricus Global Real Return Previdência FIM. A linha azul escuro corresponde ao backtest  da estratégia e a linha azul clara ao retorno do fundo desde seu nascimento. Fonte: Empiricus Gestão.

Observando a dinâmica do gráfico da estratégia, é perceptível os eventuais drawdowns. Eles aconteceram justamente em momentos como o atual, quando uma das duas estratégias (ou eventualmente as duas) acabaram por apresentar um mau desempenho. Mas para um fundo de Previdência focado no longo prazo, essas janelas acabam se tornando extremamente oportunas para aportes maiores. 

De forma a mostrar o poder do compounding da estratégia, simulamos o seguinte cenário:

(i) Aporte inicial no início de 2012 no valor de R$ 10 mil

(ii) Aportes mensais de janeiro de 2012 até maio de 2024 no valor de R$ 1 mil — total de 149 meses

(iii) Aportes totais de R$ 159 mil

Neste cenário, ao final do período, o capital acumulado teria alcançado a importância de R$ 441.862,48 (os aportes totais teriam somado R$ 159 mil). Tomando por base a economia tributária proporcionada pela previdência, os recursos disponíveis para o investidor no modelo PGBL teriam gerado uma Taxa Interna de Retorno líquida de 13%. Um excelente número para sua poupança de longo prazo, ou para sua aposentadoria (lembrando que retornos passados não são garantia de retornos à frente…).

Se você deseja conhecer mais sobre o fundo, acesse este link.

Gráfico 2 — Patrimônio acumulado na estratégia do Global Real Return, dada as condições iniciais postas acima. Fonte: Empiricus Gestão

O comportamento dos mercados em Junho e os ajustes nas carteiras

O mês de junho caminha para o seu final e o bull market lá fora continua a todo vapor. Os leves choques técnicos nas ações de tecnologia ocorridos na última semana devem ser vistos como naturais e percebidos como efeitos colaterais de um mercado extremamente tomador de risco. 

A forte alta das ações do setor de semicondutores lá fora moveu os ponteiros nos últimos pregões. As ações da gigante Nvidia chegaram a cair 15% das suas máximas recentes. As demais companhias do setor também sofreram e abriram a hipótese para um movimento de realização de lucros. Entretanto, o comportamento de curtíssimo prazo esteve bastante ligado às questões envolvendo o lançamento e exercício de opções feitas pelos dealers (no caso as corretoras americanas) que correm para comprar ou vender as ações pré e pós as datas de exercício, com o objetivo de montar proteções para suas carteiras. Geralmente, no pregão seguinte aos vencimentos de opção existe uma pressão vendedora mais forte, especialmente se as ações estiverem na “crista da onda”.

Deixando esse fator de lado, os principais índices americanos acumulam boas altas no mês. O S&P 500 sobe 3,73%, enquanto o Nasdaq sobe 5,87%. Por aqui, o Ibovespa está praticamente no zero a zero, depois de uma primeira metade de mês bastante difícil.

Em termos macroeconômicos, não houveram novidades. Entretanto, os ruídos provenientes do palácio do governo colocaram a moeda brasileira em uma posição bastante difícil. O dólar se valorizou fortemente ao longo dos últimos dias, dado o ambiente mais complicado ligado às questões fiscais. Debaterei mais sobre o tema na Carta Mensal de Julho, que será divulgada na semana que vem. Nela, trarei uma atualização do cenário econômico para o segundo semestre e a revisão dos nossos checkpoints. 

Sob a ótica dos fundos, destaque para as estratégias internacionais, que se aproveitaram deste momento mais positivo dos mercados internacionais. O Empiricus Tech Select se aproveitou bem da retomada das ações da Apple, após o evento da WWDC, e, também, da arrancada da Broadcom após a divulgação dos seus resultados trimestrais. Até a última segunda-feira (24), o fundo avançava 10,55% no mês; 27,18% no ano e 38,86% em 12 meses. Continuamos bastante construtivos em relação ao setor de tecnologia para os próximos meses. Vamos em frente!

Forte abraço

João Piccioni

PS1: A hora também é de empilhar na renda fixa atrelada à inflação. Especialmente nos fundos de Previdência. Em nosso fundo Empiricus Renda Fixa Ativo FI RF Prev, estamos aproveitando o momento para comprar títulos atrelados à inflação com taxas reais ao redor dos 6,3% ao ano. Como o fundo está em fase de acumulação, o momento parece bastante positivo. Especialmente quando olhamos sob a ótica do longo prazo e dos benefícios fiscais atrelados à classe do fundo. 

Para conhecer mais sobre os produtos, acesse o site www.empiricusgestao.com.br

Apresentamos a seguir a tabela contendo os resultados das principais estratégias da casa, nas janelas mensal, anual, semestral e anual. Caso você deseje conferir algum outro fundo que não esteja presente nesta lista, visite o nosso site: www.empiricusgestao.com.br.


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