Diário de Bordo
O enigmático sorriso do mercado
Em 1503, Leonardo da Vinci iniciou aquela que se tornaria sua obra mais célebre e misteriosa. Durante quatro anos, o mestre italiano dedicou-se a capturar na tela não apenas a imagem de Lisa Gherardini, esposa de um comerciante florentino, mas também um sorriso que intrigaria gerações. Cinco séculos depois, o enigmático sorriso da Mona Lisa continua a despertar diferentes interpretações e teorias sobre seu verdadeiro significado.
Tal qual a dificuldade de se interpretar o sorriso da Gioconda, que parece mudar dependendo do ângulo de observação, o dólar nos presenteia hoje com seu enigma: o “Dollar Smile”. Fruto de uma estrutura fiduciária calcada inicialmente no poder da economia americana, a teoria desenvolvida pelo estrategista Stephen Jen, há mais de 20 anos enquanto economista do Morgan Stanley, explica o fortalecimento do dólar acontece em dois cenários extremos: (i) quando a economia americana tende a apresentar uma performance mais robusta que o resto do mundo; (ii) quando as crises permeiam o mercado financeiro e o sentimento de “risk-off” faz com que os investidores procurem a moeda como um “safe-haven”. A teoria ainda reforça a ideia de que nos momentos nos quais a economia global acelera de forma síncrona, o dólar tenderia a perder sua força e desvalorizar frente aos pares.
A verdade é que o conceito do “Dollar Smile” é tão enigmático quanto o sorriso da Esfinge. Sua intensidade é dependente de uma série de fatores, tais quais, as vantagens comparativas existentes nas diversas economias globais, o momento do ciclo monetário e fiscal em cada um dos países, além do nascente apetite do investidor.
No cenário atual, estamos vivendo um momento peculiar: com os juros americanos ainda em patamares elevados (o Fed deve derrubá-lo para 4,5% ao ano na semana que vem) e uma economia surpreendentemente resiliente, o dólar flutua acima das circunstâncias, e mantém sua força mesmo quando tudo ao seu redor parece desvanecer — a manutenção do passo de tartaruga no crescimento dos países desenvolvidos é claro. A inflação americana, embora ainda acima da meta, já começou a dar sinais de arrefecimento e, aos poucos, vai ratificando a hipótese do goldilocks para a economia americana, fortalecendo a hipótese de uma maior apreciação do dólar.
Diante do cenário que começa a ser moldado para 2025, dificilmente o dólar perderá sua hegemonia. O avanço da economia americana virá carregado das frentes ligadas ao mundo da tecnologia, que voltaram a acelerar com o nascimento da “era da IA”. A produtividade das principais companhias globais se mostrará crescente ampliando as formas de monetização e a qualidade dos produtos oferecidos. Ao passo que qualquer um dos próximos governos buscará investir fortemente em meios fabris e na produção de energia limpa (leia-se nuclear). O sorriso contido do dólar hoje sabe mais do que revela.
Para aqueles que estão de olho no futuro dos seus investimentos, a mensagem é clara: mais do que nunca, manter uma parcela dos seus recursos dolarizados é fundamental para se obter retornos fora da curva, especialmente nessa década que já caminha para sua segunda metade. Em tempos de sorrisos enigmáticos, a diversificação é a nossa melhor conselheira.
O comportamento dos mercados em outubro
O pulso de liquidez nos mercados financeiros se consolidou e diversos ativos de risco atingiram ou se aproximaram de novas máximas históricas. Nessa arrancada, merece destaque o bitcoin, que voltou a se aproximar da marca dos US$ 73 mil. A moeda digital tem sido a escolha clássica para a diversificação de carteiras e para a construção de instrumentos de reserva de valor além dos metais preciosos.
Em relação às Bolsas Globais, o apetite dos investidores se mostra claro. O índice S&P 500 permanece próximo das máximas históricas e avança 1,26% em dólares. O Nasdaq-100 está mais próximo do pico feito no dia 10 de julho, e avança 2,04% em outubro. A expectativa positiva ante a divulgação dos resultados das Big Techs (a Alphabet divulgou seus números há alguns minutos) tem ganhado adeptos e tem impulsionado as ações.
Por aqui, os velhos dilemas ainda colocam o Ibovespa em xeque. A elevação dos juros dos treasuries de 10 anos lá fora, associada à falta de novidades no front fiscal, têm ofuscado os bons números do início da temporada de resultados. Apesar disso, acredito que ainda haverá algum espaço para uma leitura mais apurada dos números e para algum aumento da participação das ações locais na carteira dos investidores nessa reta final do ano.
Sob a ótica do Empiricus Deep Value FIA, nosso fundo voltado para o mercado acionário brasileiro, conseguimos abrir uma diferença importante para o Ibovespa. A decisão de apontar os canhões para os casos que são vistos sob uma ótica diferenciada, tais quais, Embraer, Nubank, Weg, ou ainda, Porto, funcionou e nos últimos doze meses o fundo avançou 17,43% (contra 14,80% do Ibovespa).
Mas merecem destaque mesmo os fundos de Criptomoedas (tanto os novos Essential Crypto e Digital Crypto quanto o Criptomoedas e o Coin Cripto), e os fundos da família de tecnologia, que semana após semana vem atingindo novas máximas. Nos últimos doze meses, os fundos Empiricus Money Bets — futuro Tech Bets —, Empiricus Tech Chain e Tech Select, avançam 76%, 65% e 61%, respectivamente.
Do nosso lado estamos preparados para os últimos dois meses de 2024. Se as condições de liquidez do lado monetário não se deteriorarem, o vento de cauda será bastante forte. Afinal de contas, Mr. Market está ansioso pelo último bull run do ano.
Forte abraço,
João Piccioni
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