Bússola do Mercado

Curtas Tréguas, Longos Desconfortos

Yasmin Orozimbo

24 abr 2025, 12:16 (Atualizado em 24 abr 2025, 12:16)


Na semana passada, a tensão entre China e Estados Unidos parecia ter atingido seu auge, falamos aqui sobre a escalada tarifária promovida por Trump e como o mercado global foi envolvido por esse novo round de uma guerra comercial. Mas, como tudo que envolve o presidente norte-americano, o roteiro não para de mudar. Ao longo dos últimos dias, houve até um sinal de um possível alívio, após uma sinalização de abertura para negociar com Pequim. O próprio Trump recuou em algumas falas e o tom agressivo deu lugar a um discurso mais conciliador, por um instante, os mercados respiraram.

Mas foi só por um instante mesmo.

A sensação de trégua durou pouco. Logo, Trump mudou o alvo e mirou no Federal Reserve, elevando o tom contra a atuação de seu presidente, Jerome Powell. Ele chegou a dizer que o Fed estava travando a economia e a possibilidade de demissão de Powell foi criando mais uma onda de desconfiança sobre a política monetária norte-americana. O movimento gerou resposta imediata nos ativos, as taxas de juros recuaram, o dólar oscilou e o S&P 500 perdeu força no curto prazo.

Mesmo após voltar atrás e dizer que não pretendia demitir Powell, o estrago já estava feito. A sinalização de interferência política num dos principais pilares institucionais dos EUA ampliou a percepção de fragilidade no ambiente decisório americano. No mesmo período, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, tentou suavizar a tensão com a China, afirmando que as tarifas anunciadas no início do mês não são sustentáveis, o tom mais brando trouxe algum alívio, mas sem apagar o ruído.

O mercado respondeu como costuma fazer nesses momentos, com ajustes de posições nos ativos de risco, e voltou os olhos para outros vetores. Na Europa, o BCE reduziu sua taxa de juros em 25bps, citando um menor fôlego da economia da zona do euro e buscando manter a flexibilidade em um ambiente que segue instável.

Apesar da pressão externa, no Brasil, o Ibovespa voltou a superar os 130 mil pontos, mas no cenário político local o ambiente segue desafiador. Em Brasília, o governo continua enfrentando dificuldades para organizar a base, além da instabilidade institucional. Nos bastidores, o nome de Tarcísio ganha força como alternativa da direita para 2026, em meio a uma deterioração da popularidade de Lula. Segundo pesquisa recente, o atual presidente aparece com a maior taxa de rejeição entre os possíveis candidatos.

No noticiário corporativo, a temporada de resultados nos EUA ganhou tração. Tesla puxou os holofotes com números fracos, mas discurso forte. Elon Musk prometeu foco e deixou de lado outras polêmicas. Os próximos dias trazem mais resultados das empresas fazendo com que a atenção se volta aos guidances, que devem ajudar a calibrar o tom para o segundo semestre.

Em meio a tudo isso, Jerome Powell escolheu um jeito pouco diferente de resumir o momento. Ao ser questionado sobre os próximos passos do Fed, citou Ferris Bueller. “A vida passa rápido demais”, foi a forma que encontrou para justificar a cautela. O Fed, por enquanto, observa… E o mercado também.

O quadro que se desenha é de um mercado que alterna entre sustos e alívios. A chave, para os próximos dias, será separar o ruído das oportunidades reais e ajustar as posições a um cenário que pode, mais uma vez, surpreender.

Com a nossa Bússola calibrada, como ficaram os resultados dos fundos?

Agora é hora de conferir como algumas estratégias Empiricus Gestão enfrentaram as turbulências recentes, com data-base de 17/04.

O destaque do período foi o Empiricus Ouro FIF Multimercado, que subiu 7,53% no mês. O fundo passivo se beneficia diretamente da valorização do ouro, impulsionada pela elevação das incertezas geopolíticas, avanço das tensões no Oriente Médio e busca por proteção em meio à instabilidade institucional nos EUA.

Nos fundos de ações, os produtos da estratégia “Oportunidades de uma Vida” também entregaram retornos sólidos. O Empiricus Oportunidades de uma Vida avançou 3,96%, enquanto a versão previdenciária teve ganho ainda maior, de 4,20%, ambos com destaque para Localiza (RENT3) e Azzas (AZZA3).

Entre os fundos de fundos, o Empiricus FoF Melhores Fundos Ações carrega alta de 3,38%, já o Empiricus FoF Superprevidência Ações, teve um retorno de 3,17% no mesmo período.

Fique de olho, pois a cada quinzena seguimos acompanhando de perto como essas variáveis evoluem e quais novas oportunidades — ou riscos — podem surgir no caminho.

Abraços,
Yasmin Orozimbo 

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