Bússola do Mercado

DeepSeek, “America First” e a Super Quarta no radar

Yasmin Orozimbo

30 jan 2025, 17:05 (Atualizado em 30 jan 2025, 17:07)

Você acompanhou, na semana passada, através do Diário de Bordo, que o discurso de posse do Trump foi mais amistoso do que o esperado — principalmente no que diz respeito ao tema das tarifas. No entanto, poucos dias depois, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, ele voltou a abordar o assunto, focando nas tarifas sobre produtos do México e do Canadá, e, também, em exigir que empresas estrangeiras estabelecessem produção em solo americano para escapar de novos tributos, sempre reforçando a ideia do “America First”. Desde então, o presidente dos EUA tem sido extremamente vocal sobre a possibilidade de mudanças nas abordagens envolvendo as tarifas de importação. Entretanto,  é preciso acompanhar o desenrolar desses movimentos, que ainda são recentes e não definitivos.

O movimento de aversão ao risco no mercado norte-americano se intensificou na última segunda-feira (27), quando as reações ao lançamento da DeepSeek, uma ferramenta de inteligência artificial generativa desenvolvida na China e apresentada ao mercado há algumas semanas, atingiram seu ápice. Como consequência, as ações de empresas como a Nvidia despencaram 17% e o índice Nasdaq recuou 3,07%, surpreendidos pela potencial competição global pela liderança em IA. A proposta da startup é oferecer uma alternativa mais eficiente e acessível do que as já conhecidas, como a OpenAI.

Em um primeiro momento, a sensação é de que o mercado reagiu de forma exagerada. No entanto, essa situação levanta diversas questões: será que empresas menores podem alcançar o mesmo patamar das gigantes que dominam o setor? Teremos uma nova onda de startups promissoras? E por que continuar pagando caro pelas companhias americanas, se há alternativas igualmente competitivas? É mais um tema para ficarmos de olho. 

Outro movimento importante na Ásia foi a decisão do Banco do Japão (BoJ) de elevar sua taxa de juros em 25 bps, para 0,50%, na última sexta-feira (24). O mercado já esperava esse ajuste, que faz parte do ciclo de aperto monetário iniciado em 2024. O BoJ enfatizou que a evolução da inflação e dos salários será determinante para futuras decisões, sem indicar um cronograma para novos aumentos. A medida também mexe com o câmbio, e tem levado à desvalorização do iene, o que também influencia os fluxos de capital na região.

Ainda na sexta-feira, foi divulgado o PMI da zona do euro, que subiu para 50,2 pontos, superando os 49,6 de dezembro. Esse dado ajudou a gerar uma reação positiva, mas algo mais comedido nos principais índices acionários europeus, que registraram oscilações no período, embora o setor de tecnologia e as tensões comerciais globais tenham agregado na volatilidade. 

No Brasil, o IPCA-15 de janeiro surpreendeu ao registrar alta de 0,11%, contrariando a expectativa de deflação de 0,02%. A inflação foi impulsionada pelo setor de serviços, com aumentos expressivos em aluguel, condomínio e passagens aéreas, além da aceleração nos serviços intensivos de mão de obra. O resultado reforça um viés de alta para as projeções de inflação, com pressões vindas do câmbio, choque de preços de alimentos e política fiscal expansionista.

Pela tabela anterior, percebe-se que o Ibovespa pegou carona no otimismo global e carrega alta neste mês. Na imagem abaixo, o real também acompanha essa tendência. No entanto, nossa visão continua cautelosa para o cenário doméstico, vendo um ambiente macro local que ainda desperta preocupações. O dólar, por sua vez, também perdeu força no curto prazo em relação a outras moedas, enquanto as incertezas em torno das novas políticas comerciais dos EUA seguem alimentando a volatilidade no mercado cambial.

Vale destacar que, em meio a esse cenário, um dos grandes assuntos da semana foi a “Super Quarta” (29). Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) decidiu manter as taxas de juros inalteradas, entre 4,25% e 4,50%, buscando equilibrar o controle inflacionário com a preocupação de não esfriar demais a economia. Powell, afirmou que a inflação permanece acima da meta de 2% e que futuras decisões dependerão da evolução dos dados econômicos. 

Enquanto isso, no Brasil, o Banco Central elevou a Selic para 13,25%, com mais uma alta de 100 bps já contratada para a próxima reunião. Nesta primeira reunião sob o comando de Galípolo, o Copom destacou a piora das expectativas de inflação e a necessidade de uma política monetária mais rígida para conter a alta dos preços. O comitê também ressaltou que os recentes desdobramentos da política fiscal pressionam os juros e a taxa de câmbio, diante disso, reforçou que novos aumentos poderão ser necessários.

Com a nossa Bússola do Mercado calibrada, como ficaram os resultados dos fundos?

Agora é hora de conferir como algumas estratégias Empiricus Gestão enfrentaram as turbulências recentes. 

Os fundos de ações locais se destacaram neste mês, com ênfase para o Empiricus Oportunidades de uma Vida (4,55%) e o Empiricus FoF Melhores Fundos Ações (4,06%), além das versões de previdência, que também tiveram bom desempenho no período. 

Nos multimercados, as estratégias com parcela em renda variável local conseguiram se beneficiar do movimento positivo do mercado. O Empiricus Carteira Universa, um multimercado que combina alocações em ações, renda fixa, fundos imobiliários, opções, dólar e ouro, carrega um retorno de 1,38%. Já o Empiricus FoF Melhores Fundos Multiestratégia, que mantém cerca de 25% de exposição à renda variável, registrou um retorno de 0,93%.

O Empiricus FoF SuperPrevidência, que é um fundo de fundos de previdência multiestratégia com exposição a diversas classes de ativos e estilos de gestão, também acompanhou o movimento positivo, entregando 1,08%. Em nossa carta mensal, que sairá em breve, vamos detalhar os ativos que mais contribuíram para esses resultados.

As últimas duas semanas foram intensas, mas espero ter proporcionado um panorama claro dos principais acontecimentos. Fique de olho, pois a cada quinzena vamos acompanhar de perto como essas variáveis evoluem e quais novas oportunidades — ou riscos — podem surgir.

Abraços,
Yasmin Orozimbo

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