Diário de Bordo

300 milhões de assinantes

João Piccioni

23 jan 2025, 9:08 (Atualizado em 23 jan 2025, 9:08)

Em meio a euforia provocada pelo início do governo Trump e a sua centena de ordens executivas — voltarei ao tema mais à frente —, a temporada de resultados trimestrais nas Bolsas americanas vem ganhando tração. E ontem, foi a vez da Netflix mostrar mais uma vez o poder do seu (renovado) modelo de negócios.

A companhia liderada por Ted Sarandos e Greg Peters alcançou a marca dos 300 milhões de assinantes, surpreendeu os analistas e arrebatou os seus modelos. Embalado pelos eventos esportivos exclusivos no final do ano e, especialmente, pelo avanço das assinaturas que contém publicidade, a companhia registrou receita recorde, ao ultrapassar a marca dos US$ 10 bilhões, e deixou claro que mais deve vir ao longo de 2025.

Mesmo sob os efeitos das oscilações do câmbio (mais de 55% das receitas da companhia não são geradas em dólares), as perspectivas para o ano são extremamente favoráveis. A criação do modelo de assinatura de entrada, mais barata e que possui a veiculação de publicidade, abriu portas para potencializar as receitas provenientes do canal B2B (Business-to-business) e explorar um nicho que há muito deseja se associar à marca. 

Também, vale ter em mente as oportunidades à frente. Os eventos esportivos que tradicionalmente angariam milhões de dólares em patrocínio estarão cada vez mais presentes na plataforma, se misturando com os seus conteúdos de qualidade. Inclusive, a grande surpresa dos co-CEOs veio do baixo churn dos novos assinantes que procuraram a plataforma para assistir a luta de Mike Tyson e Jake Paul, ou ainda, o jogo da NFL na véspera de Natal.

O tamanho do potencial ligado ao segmento de publicidade é algo que merece destaque. A meta de receitas determinada pela administração da empresa tangencia os US$ 25 bilhões anuais, o que impulsionaria o faturamento anual da companhia para mais de US$ 75 bilhões. Dada a leitura do potencial de mercado, ratificado pela adição recorde de novos assinantes, há espaço para a companhia continuar explorando preços mais elevados em seus produtos. 

Ao longo dos próximos dias, vamos trazer essas novas informações para os nossos modelos e revisá-los. Mas em uma primeira leitura, fica claro que ainda há uma gordura interessante para ser absorvida, que justifica a manutenção de um peso razoável nas ações e a presença em três dos nossos portfólios globais (Empiricus Tech Select, Empiricus Tech Chain e Empiricus Money Rider Hedge Fund).

Além da Netflix, vale mencionar alguns outros bons resultados, como por exemplo, o da United Airlines, que surpreendeu o mercado, ou ainda a Capital One Financial Corporation. No caso da primeira, vale prestar atenção na força da demanda (ou poder dos consumidores) que ainda mostra arrefecimento. Já a Capital One, um dos Bancos médios americanos presentes em  nossas estratégias de ações globais (Empiricus WB90 FIF Ações), apresentou bons números e superou as expectativas de mercado.

O caminho parece livre para o amadurecimento da temporada de resultados. Ainda nessa semana temos nomes importantes para os nossos portfólios que divulgarão seus resultados — Intuitive Surgical, American Express, HCA Healthcare e First Citizens —, mas o chão deverá tremer mesmo na semana que vem, com o anúncio dos números das Big Techs. Permanecemos com as nossas fichas associadas aos números de Amazon e Meta (nessa ordem de preferência).

O comportamento dos mercados em janeiro

Após a divulgação do índice de inflação do consumidor americano (CPI) na semana passada e a posse de Donald Trump, o apetite ao risco dos investidores ressurgiu. A leitura de que o caminho do Federal Reserve pode ser menos turbulento, e que as chances de queda dos juros existem neste ano, abriu a porta para a retomada das compras de ações no setor de tecnologia e, também, nos mercados emergentes.

O tom mais amistoso de Donald Trump em seu discurso inaugural trouxe algum alívio, especialmente no comportamento das moedas. Dadas as movimentações recentes, fica claro que parte da força recente do dólar se deveu em parte às expectativas do anúncio das tarifas de importação a serem implementadas pelo governo americano. Por ora, os alvos da língua afiada do presidente Trump ficaram restritos ao Canadá e México. Por ora…

Do lado positivo, e que trouxe ânimo extra, foi o anúncio do Stargate, uma iniciativa do governo americano ligada ao setor privado direcionada para o investimento na infraestrutura de Inteligência Artificial. A presença de nomes como Sam Altman (CEO da OpenAI), Larry Ellison (CEO e fundador da Oracle) e Masayoshi Son (CEO do Softbank), deu as primeiras pistas de como o governo deve se apoiar no poder dos negócios na hora de fomentar investimentos no país. 

Impulsionado por essas leituras, o índice S&P 500 voltou a tocar suas máximas e fechou nos 6.086 pontos. No mês, avança 3,48%. O Nasdaq-100 recuperou sua forma, apesar dos tropeços das ações da Apple, e avança 4% em janeiro.

Por aqui, finalmente, o Ibovespa subiu na mesma toada. O principal índice da Bolsa brasileira avança 2,24% em janeiro e, por ora, deixa para trás as mínimas feitas em dezembro. A leitura mais positiva em relação à moeda brasileira, que deve ser momentaneamente impactada pela boa safra das commodities agrícolas, trouxe algum suporte para os investidores. Ontem, pela primeira vez desde de novembro, o dólar voltou a ser negociado abaixo dos R$ 6. Claramente, o exagero das vendas forçadas do final do ano passado vai sendo corrigido e as oportunidades vão aparecendo no cenário.

Do lado dos fundos, após um início de ano mais complicado, começamos a observar os primeiros resultados das revisões das carteiras. Na família de Tecnologia, destaque para o Empiricus MoneyBets FIF Ações que avançava 1,81% até a última terça-feira (21).  Destaque para os casos ligados à infraestrutura no segmento de hyperscalers e geração de energia, Vertiv e Vistra, cujas ações sobem mais de 30% no mês. 

No segmento de Criptomoedas, destaque para Empiricus Criptomoedas FIM que avançava mais de 8%, puxado pelo bom momento do setor e pelas iniciativas de advirão do governo Trump em relação ao setor. Estamos extremamente construtivos com o setor neste ano. Se você se interessa pelo assunto, recomendo a leitura da newsletter Radar Crypto, escrita pelo nosso analista Marcello Cestari. Veja neste link.

Por fim, vale mencionar o desempenho do Empiricus Deep Value Brasil FIF Ações, nosso fundo voltado para o investimento em ações brasileiras. Ao longo de 2024 conseguimos proteger nossa carteira, por meio da alocação em ativos mais conectados ao dólar e, agora, vamos buscar os pontos perdidos na reta final do ano passado. Puxado pelas ações da Embraer, Weg, Porto e Itaú, o fundo subia 2,71% até a última terça-feira.

Meu sentimento é que o ano começou. A lua de mel com o início do governo de Donald Trump deve se arrastar por mais algumas semanas e pode continuar empurrando os ativos de risco para cima. Os próximos pontos de checagem dos investidores estão conectados à divulgação dos indicadores de inflação e na próxima reunião do Fed. Ali veremos o quanto o voo estará livre até que os primeiros sinais de desaceleração (ou superaquecimento) da economia se tornem mais claros. Vamos em frente!

Forte abraço,
Joao Piccioni


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