Diário de Bordo

7 dias em Israel

George Wachsmann

30 jun 2022, 14:49 (Atualizado em 30 jun 2022, 14:49)

O tempo voou. Nem acredito que já estamos na metade do ano.

Normalmente nessas datas fazemos retrospectivas e análises do período passado.

Não sei bem por que, mas acabamos nos ancorando nessas datas marcantes (fim de trimestre, fim de semestre, fim de ano). Eu não vou fugir à regra. Mas não será hoje.

Volto aqui na semana que vem para fazermos esse apanhado sobre o primeiro semestre (que foi duríssimo, em praticamente todos os mercados).

Estava com saudades de escrever para você. Na semana do meu aniversário não tivemos o Diário porque tivemos um feriado no dia 15. E, na semana passada, porque eu estava em Israel, participando de um programa de visitas superinteressantes, realizado pela Universidade de Haifa em comemoração aos seus 50 anos de existência.

Esta foi a terceira vez que visitei Israel. Mas, diferentemente do que ocorre em vários países do mundo para onde acabo retornando, cada vez que vou a Israel é como se fosse a primeira. Apesar de ser um país com um pouco mais de 70 anos de existência, em função do seu desenvolvimento acelerado, Israel se torna irreconhecível a cada ano que passa.

A primeira vez que lá estive foi em 1989. Tinha 15 anos e estava participando de um programa de estudos que visitava os locais bíblicos. Estudávamos no período da manhã uma passagem da Bíblia e, à tarde, íamos visitar os locais mencionados. Foi um mês intenso, mas divertido. Éramos um grupo enorme de amigos de várias escolas judaicas do Brasil.

A segunda vez foi em 2014, com meus pais e meus filhos, para comemorar e agradecer o fim do tratamento de uma doença da minha mãe. Como disse antes, encontrei um país completamente diferente do que havia conhecido na adolescência. Um país muito mais estruturado, com uma infraestrutura turística muito mais desenvolvida. Restaurantes, hotéis, rodovias dignas já de países desenvolvidos. Foi uma experiência muito significativa.

Desta vez tive uma visão diferente das anteriores em que estive no país como “turista”. A Silvia, minha esposa, faz parte do Conselho dos “Amigos da Universidade de Haifa” no Brasil, focado no intercâmbio entre a Universidade, profissionais e instituições brasileiras.

Para comemorar os 50 anos da Universidade, eles realizaram esse programa especial combinando visitas e conversas com pessoas e entidades relevantes, o que nos permitiu entender melhor os desafios econômicos, políticos, sociais e externos que Israel enfrenta.

Para colocar ainda mais tempero, do ponto de vista político, a semana em que estivemos lá foi bastante conturbada em função da dissolução do Parlamento israelense (Knesset) – visitamos o parlamento justamente no dia da votação da dissolução – e, em função disso, alguns dos nossos encontros acabaram sendo substituídos, mas nem por isso foram menos memoráveis. Israel caminha para a quinta eleição em pouco mais de 3 anos. Dores da democracia.

No primeiro dia (um domingo, que lá é dia normal de trabalho) conversamos com ex-chefe do Mossad, serviço secreto israelense, que nos mostrou o enorme desafio que é manter a segurança de Israel e o enorme esforço que está sendo feito para gerar alianças em busca da paz. Existe uma grande expectativa em torno das novas relações com Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Detalhe: hoje, esse ex-chefe do serviço secreto, é o maior executivo da gigante Softbank (um dos maiores gestores de venture capital do mundo) no país.

Estivemos numa base aérea e conversamos com comandantes e generais que nos mostraram suas rotinas e desafios para chegarem aos altos níveis de comando.

Para os que não sabem, em Israel, todos os jovens aos 18 anos, homens e mulheres, independentemente de sua religião, participam do serviço militar obrigatório, por pelo menos 2 anos. Só depois é que vão cursar a educação superior. Porém, diferentemente do que ocorre no Brasil, é uma honra para o jovem israelense servir e defender o seu país.

Em geral, os pilotos de caça da aeronáutica são aqueles que alcançam as melhores classificações de ingresso ao serviço militar, em função da complexidade na atuação. Tivemos permissão de ver de pertinho um F-16 e não posso negar o quão emocionado fiquei.

O que chamou minha atenção foi ser apresentado a duas meninas, quase da idade das minhas filhas, responsáveis pela manutenção da aeronave. Realmente uma realidade muito diferente da que vivemos por aqui.

A parte mais divertida desse dia foi a realização de uma simulação de voo num caça que eles usam para treinamento – exatamente igual ao Top Gun. E não posso deixar de contar isso. Ao finalizar a minha simulação me questionaram se eu já havia pilotado, pois a minha pontuação foi muito alta. Cuidado, Tom Cruise!

Outro lugar marcante foi a visita ao Beit Halochem, o Centro de Reabilitação de Feridos de Guerra. Israel tem hoje 50 mil veteranos feridos em guerra ou em atos de terrorismo. O mais novo com pouco mais de 18 anos e o mais velho com 104 anos (um senhor que lutou na Guerra da Independência, em 1948). A emoção de ver o investimento feito para reabilitar aqueles que quase perderam a vida na defesa do povo de Israel chegou a me arrepiar. Fomos convidados a participar de um jogo de basquete para cadeirantes. Vivenciar isso e conversar com as pessoas que, mesmo com restrições, lutam pela sua felicidade, pelas suas famílias e pela defesa do país me fez repensar várias coisas da minha vida.

Em se tratando de Israel moderno, não poderíamos deixar de visitar empresas digitais de destaque nos seus mercados.

Com uma população de cerca de 9 milhões de habitantes, Israel é conhecido como Startup nation (país das startups), com mais de 70 “unicórnios”. Depois dos EUA e China, Israel é o país com mais empresas listadas na Nasdaq (a bolsa americana de tecnologia). São várias peças conectadas que permitem essa realidade. Cerca de 24% da população tem ensino superior. Anos de estímulo e investimento governamental em pesquisa e desenvolvimento. Migração de um enorme contingente de engenheiros e cientistas vindos da extinta União Soviética, nos anos 1990. Tel Aviv é considerada o segundo maior polo de inovação, perdendo apenas para o Silicon Valley.

Estivemos na Taboola, um dos unicórnios (empresa com valuation acima de US$ 1 bi) de soluções de mídias digitais; na Cymotive, especializada em cybersecurity, dirigida por ex- membros de segurança do serviço de inteligência de Israel; e no One Zero, primeiro banco digital de Israel, do fundador da Mobileye. Foram apresentações e conversas de conteúdo riquíssimo.

Mas não posso deixar de fora os momentos que me geraram mais reflexão – aqueles que passamos com nossa família. Meu primo Dudu mudou-se para Israel há 3 anos, com sua esposa Dani e duas filhas pequenas, Nina e Malu. Minha mulher, Silvia, tem um primo que já nasceu em Israel; é casado e tem 3 filhos, dos quais 2 já estão no exército.

O primo dela convidou a nós e aos meus primos para um churrasco em sua casa. Em meio à fartura de opções de comida caseira, numa clara demonstração de amor, de espírito de família, trocamos experiências e matamos as saudades.

Crianças limpando e lavando as louças sem serem requisitadas a fazê-lo. Como na maioria das casas, não há ajuda externa, todos ajudam independentemente de sua idade.

Ficou clara, ao ver o estilo de vida de uma família israelense e de uma família imigrante brasileira, a energia colocada no que realmente importa, sem preocupação com imagem e superficialidade.

Foi uma noite marcante que deixou saudades. Mais que isso, foi uma viagem marcante que deixou saudade.

“Kafé com Kinea: Brasil 2023”

E de volta ao Brasil… nesta semana, eu e Felipe Miranda fomos convidados para o quadro “Kafé com Kinea”, da Kinea Investimentos, conceituada gestora de fundos, ligada ao Itaú.

O bate-papo foi ao ar ontem. Em uma conversa muito descontraída com o Ruy, falamos sobre como você pode defender seu patrimônio no cenário atual, entre outros assuntos.

Tudo isso você pode conferir clicando aqui e assistindo à live que ficou gravada.

Novidades da Prateleira de Fundos

A semana foi de estreia da Tenax Capital, gestora liderada por Alexandre Silverio, ex-AZ Quest.

A casa chega com dois fundos na prateleira. O Tenax Total Return é um long bias que conta com a experiência de Silverio. Já o Tenax Macro tem um foco mais macroeconômico e conta com uma visão de movimentos mais curtos do que os de ações.

Sempre bom lembrar que estes e outros fundos possuem cashback e você pode aproveitar deste benefício com novos aportes ou portabilidades.

Pergunte ao Jojo

Olá.

Ambos os fundos Ações Extremas e Special Situations serão incorporados no Microcap Alert, assim que aprovado em assembleia e respeitado o prazo legal. Enquanto isso já estamos deixando os fundos com a mesma alocação do Microcap Alert.

Renda Variável

Por aqui, seguimos complementando nossa plataforma de Renda Variável com novas funcionalidades para você investidor.

E a novidade da semana é: estamos ofertando produtos estruturados de ações e commodities.

Se você tem interesse em saber quais as operações disponíveis de proteção ou alavancagem, pode entrar em contato com o Bruno Guimarães, especialista em Renda Variável do nosso time de assessoria, pelo e-mail: bruno.guimaraes@vitreo.com.br.

Caso você tenha alguma dúvida ou sugestão, basta enviar-nos pelo atendimento@empiricusinvestimentos.com.br.

Até a próxima semana!

Um abraço,

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