Diário de Bordo
A desistência de Joe Biden, Kamala Harris e a “tela azul da morte”
A desistência de Joe Biden, Kamala Harris e a “tela azul da morte”
O fôlego das manchetes continuou elevado nos últimos dias. Se na semana passada foi um mero centímetro que mudou a história, nesta, o destaque ficou por conta da desistência do presidente americano Joe Biden em concorrer à reeleição. Apesar dos discursos dos democratas já indicarem esse caminho após o fatídico debate do dia 22 de junho, a substituição do candidato na reta final das eleições traz toda sorte de dúvidas de como o ambiente eleitoral ficará por lá.
Até então, o nome escolhido para substituir Biden foi o da vice-presidente Kamala Harris. Sem entrar em muitos detalhes sobre o seu currículo, e tomando por base a leitura feita por algumas casas de análise internacionais, a sucessora é uma verdadeira incógnita econômica. Em seus discursos, pouquíssimo foi falado sobre suas ideias envolvendo políticas fiscal e monetária, investimentos, ou posicionamento dos EUA frente a China ou riscos geopolíticos. A grande dúvida é se ela teria ao menos condições de debater em pé de igualdade sobre a dinâmica e os efeitos da política monetária de Jerome Powell…
Este posicionamento precisará ser mais conhecido ao longo dessa reta final até a nomeação do candidato democrata. Alguns nomes proeminentes do partido, como por exemplo o bilionário Michael Bloomberg, declararam dúvidas sobre a capacidade de Kamala conquistar os “swing states”. De forma prática, a falta de capacidade desse pleito em mexer com o apetite pelo risco dos investidores ganhou alguns graus de incerteza. E com isso, a volatilidade voltou a dar alguns sinais de sobrevida. Mas, da mesma forma que na semana passada, nada que afete de sobremaneira a continuidade do Bull Market nos mercados americanos.
Sob a ótica do mundo corporativo, a temporada de resultados começou ganhar corpo. Os números provenientes das companhias ligadas à economia real têm surpreendido e reforçam a situação razoável das economias globais. O sentimento que ganha força é de que estaríamos mais distantes de um processo brusco de desaceleração econômica. Em alguns setores, inclusive, a leitura é mais favorável e indica uma retomada da atividade.
Se de fato tal dinâmica mais construtiva das economias vier a ganhar corpo, e continuarmos percebendo o processo de desinflação, as chances dos goldilocks levarem às bolsas globais para novas máximas históricas crescerão ainda mais. Nossa expectativa de que o S&P 500 atinja os 6 mil pontos até o final do ano está mais viva do que nunca.
Por fim, é preciso mencionar o evento cibernético envolvendo Microsoft e a Crowdstrike. Como investidores de ambos os casos, precisamos dar um disclosure da nossa visão sobre o acontecido. Na última sexta-feira (19), cerca de 8 milhões de computadores que rodavam o Windows apresentaram a “tela azul da morte”, após a atualização do software de cybersecurity da Crowdstrike. O problema do código fonte afetou o Kernel do sistema operacional e simplesmente requereu reboots manuais nas máquinas para que elas voltassem a funcionar. Neste dia, foram inúmeras as empresas que passaram por problemas operacionais, inclusive boa parte dos sistemas ligados aos aeroportos globais.
Sob a ótica de gestão, reduzimos o tamanho da posição em Crowdstrike nos nossos portfólios internacionais. Apesar das ações da companhia serem uma das grandes vencedoras dos últimos meses, entendemos que será preciso mais informações sobre o comportamento dos seus clientes, aspecto que deverá ser abordado na próxima divulgação de resultados em meados de agosto. Até lá, do nosso ponto de vista, o melhor é aguardar nas linhas laterais.
O comportamento dos mercados em julho e os ajustes nas carteiras
Apesar do comportamento mais nervoso dos últimos pregões, as bolsas globais continuam em território positivo no mês de julho. Até o fechamento de ontem (23), os índices S&P 500 e Nasdaq avançavam 1,7% e 1,5%, à espreita dos resultados trimestrais das Big Techs.
A rotação dos mercados provocada pelo crescimento da hipótese de vitória de Donald Trump perdeu força, mas ainda é percebida como o início de um processo mais longo, parecido com o ocorrido em 2016, no qual as small caps e as ações dos setores da economia real acabaram subindo com mais força — veja no gráfico 1.
Por aqui, a dinâmica do Ibovespa também continua favorável — o índice sobe 2,19% no mês —, a despeito da forte volatilidade na curva de juros brasileira. A definição da supressão de gastos feita pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad trouxe momentaneamente algum alívio ao câmbio e para os juros, mas não foi suficiente para deixar os investidores menos inquietos.
Nos fundos, fizemos ajustes nos mandatos internacionais. No Empiricus Tech Select FIA, em especial, aumentamos a posição de caixa em meio ao avanço da volatilidade de curto prazo. O VIX voltou a tocar a casa dos 16 pontos, em um movimento similar àquele visto em meados de abril, na véspera dos resultados das megacaps no primeiro trimestre. Até que o processo de recompras corporativas voltar a ser deflagrado, não enxergamos gatilhos claros para que o apetite ao risco pelas ações cresça. A inversão das curvas de volatilidade de curto prazo (1 mês contra 3 meses) pode deflagrar uma dinâmica de curto prazo tecnicamente mais “nervosa”.
Diante do cenário positivo à frente, isso significa o renascimento de uma boa janela de oportunidade para as ações americanas. É preciso ter em mente que estamos diante do início de um processo de afrouxamento monetário, que poderá se conjugar com o poder das iniciativas de cortes de impostos (caso a vitória se encaminhe para o partido republicano). Somadas às iniciativas do mundo da tecnologia, esse seria um elixir forte o suficiente para colocar de pé a ideia de uma reprecificação de ativos ao redor do mundo. A tese dos “roaring-20s” ainda detém fôlego.
Forte abraço,
João Piccioni
PS1: A hora é de empilhar na renda fixa atrelada à inflação. Especialmente nos fundos de Previdência. Em nosso fundo Empiricus Renda Fixa Ativo FI RF Prev, estamos aproveitando o momento para comprar títulos atrelados à inflação com taxas reais ao redor dos 6,3% ao ano. Como o fundo está em fase de acumulação, o momento parece bastante positivo. Especialmente quando olhamos sob a ótica do longo prazo e dos benefícios fiscais atrelados à classe do fundo.
PS2: O mesmo vale para o Empiricus Global Real Return FIM IE. Este veículo de previdência, destinado para investidores qualificados, guarda o poder do balanceamento entre a alocação em títulos atrelados à inflação (boa hora para comprar) — 60% da carteira — e o ETF WRLD11 da Investo, cuja composição guarda alocações em ações globais — 40% da carteira —, que no longo prazo devem continuar a trazer inovações e valor para portfólios em construção (e para sua futura polpuda aposentadoria) – no Diário de Bordo do 26.06.2024, abordei em detalhes a sua estratégia: leia aqui.
Para conhecer mais sobre os produtos, acesse o site www.empiricusgestao.com.br
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