Diário de Bordo
É copa do mundo, amigo!
Aproveitei o feriado da Proclamação da República na última terça-feira (15/nov) para terminar de assistir à minissérie “Jogo da Corrupção”, na Amazon Prime. A série, segunda temporada da série “El Presidente”, conta, de forma cômica, a trajetória de João Havelange até a presidência da FIFA e a transformação da entidade em uma potência política e comercial.
Ainda quero assistir a uma outra série, essa um documentário mais sério da Netflix, “Esquemas da FIFA”. Segundo comentários, as séries se complementam ao contar a origem e detalhes dos escândalos regados a brigas de corrupção e poder que dominam o futebol e infelizmente sujam o esporte mais querido, nacional e, talvez, mundialmente.
Confesso que, a poucos dias da Copa, ainda não entrei no clima dessa época. Ver os bastidores da política do futebol pode ter contribuído para isso. A situação no nosso país também não ajuda. Um amigo meu comentou “Vai ser difícil curtir essa Copa do Mundo em meio a essa guerra”, quando falávamos sobre as manifestações que se intensificaram pelo país durante o feriado.
Apesar das Copas do Mundo sempre coincidirem com as eleições presidenciais aqui no Brasil, este ano está sendo diferente, já que a Copa não aconteceu como normalmente é, na metade do ano anterior às eleições, e irá acontecer agora, no final. Fato é que tudo se juntou e ninguém sabe onde focar. Eleições em outubro, Copa em novembro, Natal e Ano Novo em dezembro. Logo em seguida, posse do presidente eleito e, por aí vai…. Muita coisa em pouco tempo. De fato, o clima está meio ruim.
Se o assunto é política, temos luzes acesas sobre a situação preocupante das contas públicas. Enquanto o presidente eleito discursou na COP27, argumentando que “sua eleição garantiu a sobrevivência do planeta”, os holofotes por aqui seguem focados na PEC da Transição.
O mercado ficou ainda mais preocupado depois do discurso do Lula e das propostas que Alckimin está trazendo. A proposta apresentada na noite de ontem (quarta-feira, 16/11), que deve ser votada até o recesso do Congresso no início de dezembro, prevê que o País assumirá um déficit primário de R$ 200 bilhões (algo como 2% do PIB), durante 4 anos, fora do teto. Algo será muito difícil de engolir. E não é apenas isso que está em discussão. Também tem proposta para que outros gastos fiquem fora do teto. Entre eles, doações a universidades e fundos ligados à preservação do meio-ambiente.
Sem entrar no mérito da legitimidade dos gastos propostos, é fundamental que seja determinado pelo menos como pretendemos pagar essa conta.
Privatizações? Parece improvável dada a orientação política do futuro governo.
Corte de gastos? Parece improvável, já que estamos aumentando os gastos.
Aumento de impostos? Possível, mas difícil dada a carga tributária que já é alta, hoje (34% do PIB).
Ainda que o presidente eleito conte com a boa vontade do mercado internacional, incerteza fiscal é talvez o principal ponto de atenção na avaliação de riscos. Dívida pública voltando a crescer rapidamente implicará necessariamente em taxas de juros (ainda mais) altas e eventual piora na percepção de risco dos investidores locais e estrangeiros.
Com tudo isso acontecendo, é claro, o mercado reage. Cai Ibovespa (mais de 6% no mês), sobe o Dólar (chegou a passar dos 5,50, hoje) e sobem os juros. E é nos juros que o mercado tem mostrado mais o seu incômodo.
O gráfico abaixo mostra como mudou a expectativa com relação aos juros no Brasil. A linha amarela mais fina mostra a curva de juros há 2 meses atrás, antes do 1º turno das eleições, enquanto a linha verde mostra a mesma curva de juros hoje. Há 2 meses a discussão era se os juros começariam a cair no primeiro ou no segundo trimestre de 2023. Hoje a curva precifica uma alta já em fevereiro! Isto é, com o descompromisso fiscal, o Banco Central terá que fazer altas adicionais, elevando os juros para 14,75%.
Isto é, com o descompromisso fiscal, o Banco Central terá que fazer altas adicionais, elevando os juros para 14,75%.
É difícil se manter construtivo neste cenário.
Para demonstrá-lo, busquei traçar uma comparação desse começo conturbado (ainda estamos no aquecimento, antes da estreia…) do terceiro mandato de Lula com o início do segundo mandato de Dilma (2015). A linha branca mostra a taxa de juros pré-fixada de 3 anos, enquanto a linha azul é a taxa SELIC definida pelo Banco Central.
Percebe-se que, se o novo governo de fato não tomar cuidado com o equilíbrio fiscal, a taxa Selic provavelmente permanecerá elevada por bastante tempo. E um cenário desses, nenhuma economia aguenta. Sabemos muito bem qual foi o desfecho do governo Dilma…
Teremos que lidar com a incerteza fiscal até a PEC ser votada pelo Congresso, sujeita a revisões e eventual redução do tamanho do rombo.
A expectativa segue grande, também, com relação à definição dos ministros, principalmente da nova equipe econômica. Nomes não param de ser ventilados, dentro e fora da equipe de transição que já conta com cerca de 300 nomes.
Neste momento incerto eu recomendo a você bastante cautela. Se o mercado estiver correto em relação à curva de juros atual, aumentar a posição em Renda Fixa pós-fixada, em títulos ou fundos atrelados à Selic (como o nosso Selic Simples), pode atender a vários objetivos. Primeiro, ela acaba por diminuir um pouco o seu risco nesse cenário, algo bem sensato. E segundo, ela serve também como uma reserva tática para você investir após a poeira baixar e a visibilidade estiver boa. E, por último, se os juros não caírem, você pode surfar, sem risco, esses 13,75% (ou mais), por bastante tempo!
Para quem queira tomar mais risco, e não tenha necessidade de liquidez, os títulos indexados à inflação para o prazo de 2028 a 2030 estão pagando mais de 6% de juros reais! Não é tão comum achar uma oportunidade assim, e você continua protegido da inflação.
Enfim, para os próximos dias, espero que eu e todo mundo fiquemos um pouco mais animados para a Copa. Quem sabe depois da abertura, que acontece neste próximo domingo, o clima mude… Alguma distração pelo menos, pois até o início do ano que vem, provavelmente, o motor das incertezas fiscais continuará ligado – e ainda em evidência.
Contágio de cripto segue…
As consequências do rápido colapso da corretora FTX, de Sam Bankman-Fried (como contei aqui na semana passada), estão se espalhando pelo mundo das criptomoedas.
Rumores no mercado indicam que a BlockFi (uma financeira que empresta dinheiro pegando criptomoedas como garantia) estaria se preparando para declarar falência nos próximos dias.
A confusão no mundo cripto chegou até os gêmeos bilionários, os irmãos Winklevoss, fundadores do Facebook e de uma das maiores exchanges do mercado, a Gemini.
A Gemini tem uma parceria com outra empresa de empréstimos, a Genesis, que suspendeu resgates e novos empréstimos depois de enfrentar solicitações de resgate que excederam sua reserva de liquidez. A Gemini anunciou posteriormente que seu produto de rendimento para investidores de varejo também interromperá os resgates.
Tudo indica que não vimos ainda o fim dessa novela. Uma leitura mais construtiva indica que o mercado sairá fortalecido desse grande soluço, mas, primeiro, o soluço precisa passar… Bitcoin negocia estável em torno de US$ 16,650 (menos de 10% acima do menor nível a que chegou a ser negociado no meio dessa crise).
Live FoF Melhores Fundos
Ontem, quarta-feira (16), foi dia da Live mensal do FoF Melhores Fundos, com os especialistas que comandam a série Os Melhores Fundos de Investimentos da Empiricus, Bruno Mérola e Laís Costa.
Como de costume, falamos sobre os desempenhos dos fundos da série. O FoF MF Retorno Absoluto ainda é destaque. São 20% neste ano, um retorno bem acima do CDI e do índice da indústria (IFHA).
É bom lembrar que esse fundo está próximo de fechar. Assim que chegar a R$ 120 milhões de patrimônio líquido, encerraremos a captação. Para o Bruno Mérola: “Se você é investidor qualificado e gosta de multimercados, deveria estar neste fundo. É aqui que tenho uma alocação cada vez melhor e crescente”.
Para assistir a Live e conferir o desempenho dos outros fundos, basta clicar aqui.
Spoiler: Vem aí a SuperPrevidência Multimercados
Ainda na Live de ontem, surgiu uma pergunta do querido e assíduo Cristiano Tavares: Será que não falta um FoF de Previdência só com fundos multimercados?
Não consegui segurar o spoiler… E se falei ontem na Live, repito aqui!
Vem aí, no início de dezembro, o novo FoF SuperPrevidência Multimercados! Como disse o Mérola, será um meio-termo entre o FoF MF Multimercados e o FoF MF Retorno Absoluto.
Se você ainda não aproveitou o benefício que o governo te dá de aplicar até 12% da sua renda anual tributável em um PGBL, esse novo FoF pode ser mais uma ótima opção. Aguarde!
Novidades da Prateleira de Fundos
No dia 25 deste mês, o Navi Long Biased irá fechar para novos aportes. O fundo está com retorno de 21,48% neste ano, é recomendado pela turma dos Melhores Fundos e ainda possui cashback.
Caso você já tenha o fundo, você pode fazer a portabilidade para aproveitar do benefício do cashback.
Novidade Plug and Trade – PNT
Está disponível mais uma plataforma de negociação profissional.
O Plug and Trade é a solução que permite que as ordens sejam executadas com o auxílio de algoritmos. Com essa plataforma é possível fazer operações de spread como Long & Short, travas com Opções e muito mais.
Ah, e o melhor de tudo é que você pode ter acesso de forma 100% gratuita a essa plataforma; basta operar ao menos 1 minicontrato por mês.
Caso você tenha alguma dúvida ou sugestão, basta enviar-nos pelo
atendimento@empiricusinvestimentos.com.br.
Até a próxima semana!
Um abraço,
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