Diário de Bordo

O início de uma nova ERA

João Piccioni

20 fev 2025, 9:38 (Atualizado em 20 fev 2025, 9:38)

“— Papai, estava querendo saber mais sobre o Tiranossauro Rex e a vovó falou para procurar na Barsa…o que é isso?
— Ah filho, isso é uma enciclopédia. É onde fazíamos nossas pesquisas quando éramos crianças! É um livro bem grande cheio de informações…
— Eu sei papai… eu descobri rapidinho…
— Você procurou no Google?
— Hã? Não entendi… no Google? Não né… perguntei para o Chat…”

Essa conversa com meu filho não deveria ter me trazido surpresas. Na verdade, ela me trouxe boas memórias do passado, quando o ato de pesquisar era extremamente prazeroso. Um dos meus passatempos favoritos era justamente folhear as enciclopédias da estante de casa por horas e horas. O episódio com o meu pequeno só ilustra de forma clara a velocidade da evolução tecnológica. Se antes a transição da consulta aos livros para a internet já parecia transformadora, hoje já estamos nos preparando para mais um salto exponencial com a Inteligência Artificial (IA). O conhecimento não é mais estático e nem passivo: ele se adapta e interage com o usuário de maneira personalizada e instantânea.

A personalização provavelmente se tornará a nova fronteira dessa história que está sendo construída. Apenas fornecer informações não será o suficiente, serão as experiências sob medida para cada indivíduo que terão impacto transformador em nossa cultura e formas de abordagem dos negócios. Empresas têm acelerado o desenvolvimento de sistemas sofisticados, capazes de interpretar contexto, antecipar necessidades e oferecer respostas em tempo real. O potencial dessa tecnologia para setores como saúde, educação e serviços financeiros é inegável, com aplicações que prometem revolucionar o modo como interagimos com a informação.

O avanço recente do DeepSeek, um modelo chinês de IA, exemplifica bem esse progresso. Com uma arquitetura inovadora que aciona “especialistas” sob demanda (o tal do Mixture-of-Experts), esse modelo alcançou desempenho comparável aos ocidentais com custos operacionais reduzidos e maior eficiência energética, provocando um rebuliço no segmento. Tal movimento, inclusive, fez Sam Altman, CEO e fundador da Open AI, correr com o lançamento de novas versões do ChatGPT, além de prometer um grande salto com o lançamento do GPT 5.0 nos próximos meses.

A clássica corrida em direção ao topo nos remete ao paradoxo de Jevons, que propõe que melhorias na eficiência de um recurso levam a um aumento no seu consumo total. Foi assim com a eletricidade, computação, internet, as redes de telecomunicações e, agora, será com a IA. A transformação que está diante dos nossos olhos será brutal.

No epicentro disso tudo, a Nvidia continua dominando o mercado. A empresa responsável pela invenção das GPUs, tornou-as peças essenciais para a chamada computação acelerada. Jensen Huang, seu fundador, ainda continua à frente dos tempos e já tem mirado muito à frente. Um dos lançamentos recentes da Nvidia, a mini-GPU projetada para automação, por exemplo, tem claramente o objetivo de tornar a IA mais acessível e escalável. Com a divulgação iminente de seus resultados financeiros — acontecerá na próxima quarta-feira (26) — e o GTC que acontecerá em março, teremos uma visão ainda mais clara do potencial de crescimento nos próximos anos.

Os sinais de quem se encontra na fronteira da tecnologia são claros: o volume de investimentos projetado para os anos à frente é avassalador. Apenas as Big Techs despejarão mais de US$ 280 bilhões em 2025 em hyperscalers e ativos correlatos ao setor. É um novo boom tecnológico, que supera em ampla escala o que já foi feito no passado em termos de tecnologia. As companhias que ficarem de fora dessa corrida certamente estão fadadas a entrar no ostracismo.

Gráfico 1 – Investimento projetado das principais Big Techs para os próximos anos
Fonte: Companhias e Altimeter Capital

Para os mercados financeiros, a transição da Era da Internet para a Era da Inteligência Artificial representa uma das maiores oportunidades de investimento da década. Da mesma forma que os anos 90 foram marcados pela ascensão da internet e os anos 2010 pelos smartphones, estamos ingressando em uma nova fase que redefinirá a maneira como vivemos, trabalhamos e interagimos. Acompanhar essa tendência não é apenas uma escolha estratégica, mas uma necessidade para qualquer empresa ou investidor que deseja se manter relevante no longo prazo.

E se existe uma lição que aprendi ao longo dos anos, é que ignorar essas transformações nunca é uma opção sensata.

O comportamento dos mercados em fevereiro

Fevereiro está sendo marcado pela dispersão de recursos. As bolsas globais têm subido com força, alimentadas pelo apetite dos investidores globais em busca de novas ilhas de retorno. Neste sentido, no ano, as ações chinesas e brasileiras têm se destacado: o MSCI China avançava 15,2% e o MSCI Brazil 17,2% (em dólares).

De fato, a bolsa brasileira deu um bom suspiro neste começo de ano. A falta de liquidez ainda é uma questão, mas a mudança de humor é o que tem guiado o direcionamento para a Bolsa. O Ibovespa voltou a tocar os 129 mil pontos e avança em reais 1,90%.

Lá fora, as bolsas americanas também avançam. No mês, o índice S&P500 sobe 1,11% e o Nasdaq-100 apresenta um retorno de 3,2%. A questão das tarifas comerciais de Donald Trump não trouxe preocupação para a mesa e a atenção ainda está direcionada para as questões envolvendo a inflação e às iniciativas do secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.

Aliás, os primeiros passos do DOGE — o departamento de eficiência liderado por Elon Musk que visa enxugar os excessos do governo americano — têm sido vistos com bons olhos por grande parte dos investidores, quem enxerga na iniciativa uma forma de Bessent trazer as taxas de 10 anos para baixo. Se ela realmente vingar, as chances de entrarmos em uma era dourada para os mercados aumentarão substancialmente.

Isso porque a iniciativa ajudaria o Federal Reserve a dar passos mais claros em direção a um afrouxamento monetário, dado que a inflação, medida pelo PCE, continua caminhando para a “meta” perseguida por Jerome Powell. Ao retirar a pressão dos juros da economia, o impulso do crescimento pode ser transformador.

E o Brasil pode se aproveitar dessa onda. As discussões em relação ao encerramento do ciclo de alta da Taxa Selic começaram a ganhar um pouco mais de espaço, após a atividade econômica dar os seus primeiros sinais de fraqueza. Reforço aqui o nosso call feito no Outlook 2025: a Selic deve encerrar o seu ciclo de alta nos 14,75% e as discussões para uma eventual queda ainda neste ano devem ganhar tração. Um prato cheio para as oportunidades no juro real e nas ações locais que continuam bastante defasadas.

Em síntese, continuo bastante construtivo para o cenário que se avizinha. O desenho para o ano de 2025 parece bastante promissor. Vamos em frente!

Forte abraço,
João Piccioni


PS1: Quer ficar por dentro de todas as novidades dos nossos fundos?  Entre no canal exclusivo da Empiricus Gestão no WhatsApp e receba atualizações semanais em primeira mão diretamente do nosso time de especialistas. Clique no link e junte-se a nós! 📲💰

PS2: Desde o último dia 17 de janeiro, nossos investidores ganharam mais um produto com liquidez diária para otimizar suas carteiras. Trata-se do Empiricus Cash Yield FIF Renda Fixa. O fundo tem como objetivo proporcionar um leve prêmio em relação ao CDI e dar ao seu cotista o benefício da liquidez diária. Sem limitações de volumes de aporte, o fundo tem uma taxa de administração de apenas 0,2% ao ano e está disponível para os investidores por meio da plataforma de investimentos do BTG Pactual.

Para conhecer mais sobre os produtos, acesse nosso catálogo de fundos.

Apresentamos a seguir a tabela contendo os resultados das principais estratégias da casa, nas janelas mensal, semestral e anual. Caso você deseje conferir algum outro fundo que não esteja presente nesta lista, visite nosso catálogo de fundos.

Conteúdos Relacionados

23 jan 2025, 9:08

300 milhões de assinantes

“— Papai, estava querendo saber mais sobre o Tiranossauro Rex e a vovó falou para procurar na Barsa…o que é isso?— Ah filho, isso é uma enciclopédia. É onde fazíamos nossas pesquisas quando éramos crianças! É um livro bem grande cheio de informações…— Eu sei papai… eu descobri rapidinho…— Você procurou no Google?— Hã? Não …

Ler Conteúdo

14 jan 2025, 13:25

Movimento forte de alta dos juros globais

“— Papai, estava querendo saber mais sobre o Tiranossauro Rex e a vovó falou para procurar na Barsa…o que é isso?— Ah filho, isso é uma enciclopédia. É onde fazíamos nossas pesquisas quando éramos crianças! É um livro bem grande cheio de informações…— Eu sei papai… eu descobri rapidinho…— Você procurou no Google?— Hã? Não …

Ler Conteúdo

23 dez 2024, 18:30

Um rali de Natal às avessas, mas isso não é um problema para 2025

“— Papai, estava querendo saber mais sobre o Tiranossauro Rex e a vovó falou para procurar na Barsa…o que é isso?— Ah filho, isso é uma enciclopédia. É onde fazíamos nossas pesquisas quando éramos crianças! É um livro bem grande cheio de informações…— Eu sei papai… eu descobri rapidinho…— Você procurou no Google?— Hã? Não …

Ler Conteúdo

19 dez 2024, 10:42

Um adendo ao Outlook de 2025

“— Papai, estava querendo saber mais sobre o Tiranossauro Rex e a vovó falou para procurar na Barsa…o que é isso?— Ah filho, isso é uma enciclopédia. É onde fazíamos nossas pesquisas quando éramos crianças! É um livro bem grande cheio de informações…— Eu sei papai… eu descobri rapidinho…— Você procurou no Google?— Hã? Não …

Ler Conteúdo

26 nov 2024, 18:05

Bessent e (um possível) novo rumo da Economia Global (e porque isso é bom para a Bolsa Brasileira)

“— Papai, estava querendo saber mais sobre o Tiranossauro Rex e a vovó falou para procurar na Barsa…o que é isso?— Ah filho, isso é uma enciclopédia. É onde fazíamos nossas pesquisas quando éramos crianças! É um livro bem grande cheio de informações…— Eu sei papai… eu descobri rapidinho…— Você procurou no Google?— Hã? Não …

Ler Conteúdo

19 nov 2024, 19:52

É preciso superar as cicatrizes para construir um portfólio completo

“— Papai, estava querendo saber mais sobre o Tiranossauro Rex e a vovó falou para procurar na Barsa…o que é isso?— Ah filho, isso é uma enciclopédia. É onde fazíamos nossas pesquisas quando éramos crianças! É um livro bem grande cheio de informações…— Eu sei papai… eu descobri rapidinho…— Você procurou no Google?— Hã? Não …

Ler Conteúdo