Diário de Bordo

O Rei (já) está nu

George Wachsmann

29 set 2022, 16:19 (Atualizado em 29 set 2022, 16:19)

Fonte: The Economist.

Transcorrida apenas uma semana após o enterro da Rainha e o recém-empossado Rei Charles III já enfrenta uma verdadeira tempestade…

Assim como seus antepassados Charles I, decapitado após uma guerra civil, e seu filho Charles II, restaurado ao trono após 11 anos de uma breve experiência de república, e que teve uma relação tumultuada com o Parlamento, acabando por dissolvê-lo.

É verdade que o problema está mais na mão da (também recém-indicada) primeira-ministra Truss e do presidente do BoE, o Bank of England (o Banco central inglês). A conturbada conjuntura global acaba de desembarcar de vez à Inglaterra, nesta semana.

O assunto está até na revista The Economist desta semana. A foto da capa do Diário, “emprestada” da revista, já mostra o drama.

Uma semana atrás, em 22/09, o BoE aumentou a taxa de juros básica em 0,5%, para 2,25%, em movimento sincronizado com outros bancos centrais por todo o mundo. Mas o aumento foi julgado tímido demais para enfrentar a inflação. Além disso, no dia seguinte, anunciou um tremendo corte de impostos. O mercado não perdoou e a Libra começou uma desvalorização vertiginosa.

A moeda inglesa já sofria desde o início do ano, caindo do patamar de 1,35 (contra o Dólar) para 1,15 no começo de setembro, uma desvalorização de 15%. Após a recente decisão do BoE, a Libra caiu 4%. Após alguns dias adicionais de queda, a moeda inglesa atingiu 1,04, uma queda de 23% no ano, sendo seu menor patamar de todos os tempos.

A Libra Esterlina é a moeda mais antiga no mundo ainda em utilização. Começou a ser utilizada pelos anglo-saxões em 600 AD, antes da invasão Viking e da consolidação do país Inglaterra por Alfred, the Great, e seus descendentes. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Libra valia 4 Dólares. A moeda foi decimalizada apenas em 1971, valendo na época 2,42 Dólares.

Cotações trimestrais da Libra esterlina contra o Dólar americano desde 1971. Fonte Bloomberg.

Muitos se lembram do ataque especulativo de George Soros em 1992, quando a Libra caiu de 2,0 para 1,7, mas a menor cotação da história, antes da atual, tinha sido em 1985, quando a moeda chegou a bater 1,05. Em setembro de 1985 foi assinado o acordo de Plaza (hotel em New York), onde foi acertada uma intervenção conjunta para desvalorizar o Dólar frente ao Marco alemão, Franco francês, Yen e Libra. Nos patamares atuais, já se começa a falar em uma nova intervenção conjunta nos mesmos moldes do Plaza Accord.

O BoE resolveu intervir nesta terça-feira para segurar a cotação, recomprando papéis de 30 anos da sua dívida. A Libra reagiu e voltou para o patamar em torno de 1,09.

Cotação da Libra esterlina frente ao Dólar americano em setembro/22. Fonte Bloomberg.

Preocupações com a Inglaterra parecem ter jogado combustível nos mercados já estressados e a sangria continuou por mais uma semana. O S&P cai 2,4% na semana e já acumula queda de 22,4% no ano. Já o Ibovespa, que teve um momento de descolamento das Bolsas mundiais, não aguentou mais esse stress global e caiu 3,1% na semana, mas a -1,0%.

O Dólar sai como o grande “vencedor”. O índice DXY, que mede a força do Dólar frente às principais moedas globais, atingiu seu maior valor em 20 anos. No final da semana passada, o Banco Central japonês interveio pela primeira vez, desde 1998, tentando segurar a cotação do Yen, que já se desvaloriza 20% no ano.

Índice DXY. Fonte Bloomberg.

O cenário atual parece ter atingido um ponto crítico. Acompanharemos de perto os próximos indicadores e as próximas ações dos bancos centrais. Os ativos já estão baratos, e, em meio ao pânico, podem abrir um excelente ponto de compra.

Você viu que eu passei esse Diário inteiro sem falar das eleições que acontecem no próximo domingo. Propositalmente evitei o tema o máximo que pude aqui, para não estressar ainda mais um assunto que dividiu demais as pessoas. Desejo a você muita serenidade no próximo domingo. Vote com sua consciência.

Tenho uma boa convicção que, passadas as eleições, independentemente do resultado do pleito, o mercado doméstico terá um espaço para voltar a se descolar da dinâmica negativa lá fora e engatar um movimento mais positivo até o final do ano.

Essa semana comemorei o Ano Novo judaico, o Rosh Hashaná. Além de ser o início de um novo ciclo, é quando iniciamos o período de 10 dias de reflexão até o Yom Kipur, o nosso Dia do Perdão, que começa na próxima terça (04/10) à noite.

Dia esse que acreditamos ser o dia em que D’us nos inscreve no Livro da Vida. Desejo também que, neste período de grande energia e espiritualidade, independentemente de sua crença religiosa, você seja abençoado.

Shaná Tová! Um ano bom e doce para todos nós!

Spoiler: Market Makers vem aí!

Amanhã, sexta (30) vai nascer o Market Makers FIA, o fundo de ações que vai replicar a carteira recomendada pelo Market Makers.

Se você ainda não o conhece, o Market Makers é um canal que nasceu para trazer ao público geral o que as mentes mais brilhantes do mercado financeiro estão enxergando como oportunidades e tendências. Ele foi criado pelos ex-fundadores do canal Stock Pickers: Thiago Salomão, Renato Santiago, Matheus Soares e Josué Guedes. A Empiricus é sócia minoritária do Market Makers.

Hoje eles têm podcasts, newsletters e acabaram de lançar uma área de assinatura (Comunidade Market Makers), que entregará uma série de benefícios além de uma Carteira Recomendada de Ações.

A aplicação mínima inicial do fundo é de R$ 1.000 e ele é aberto para o público geral.

Podcast com o Jimmycast

Ontem, fui convidado para o JimmyCast, podcast do Jimmy Carvalho, um grande Youtuber especialista em Opções, junto com o Thomaz Terini.

Foi um papo muito legal, onde contei histórias dos meus mais de 28 anos de experiência no mercado, como as crises pelas quais passei, México, Ásia, Rússia, Brasil, isso tudo antes de experimentar um mercado de alta de verdade.

Contei essa e outras histórias e abri tudo o que sei sobre o mercado e o momento atual. Para assistir ao podcast, é só clicar aqui.

Novidades na Prateleira de Fundos

É amanhã (30), que ocorre o fechamento do fundo Vinland Macro Plus. Já faz algumas semanas que venho falando sobre essa reabertura pontual e sobre a excelente oportunidade que você tem agora.

O fundo, que tem pouco mais de 3 anos de existência, é destaque dentre os fundos multimercados, aliando consistência e um excelente retorno acima do CDI. Só em 2022, o retorno do fundo foi de mais de 27%, enquanto o CDI teve ganho de cerca de 8%.

Sem muitas delongas, é a última chance para você aproveitar. Clique aqui e garanta seu aporte o quanto antes.

Trader, já solicitou o seu acesso ao Scalper Pro?

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Caso você tenha alguma dúvida ou sugestão, basta enviar-nos pelo

Caso você tenha alguma dúvida ou sugestão, basta enviar-nos pelo atendimento@empiricusinvestimentos.com.br.

Até a próxima semana.

Um abraço,

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