Diário de Bordo
Parece que piorou?
O mercado teve uma performance sofrível em Setembro. Resultado pior ainda considerando nossas expectativas positivas.
O grande vilão do mês foram os juros norte-americanos que subiram fortemente após a expectativa de que os juros possam ficar altos por um longo tempo.
A taxa da treasury de 10 anos subiu de 4,11% no início de setembro para 4,57% no final do mês. Nesta terça já atingiu 4,77%, impulsionada por um dado de emprego muito acima dos esperado.
Esse patamar de juros não era atingido desde 2007, isto é, desde antes da grande crise financeira mundial de 2008.
Isso com certeza é relevante para o momento atual dos mercados. Podemos estar diante do fim permanente dos juros baixos, onde a inflação era estruturalmente baixa e a liquidez mundial (quase) infinita, para uma volta ao mundo pré 2008.
A renda fixa volta a ter uma relevância maior nos portfólios internacionais, enquanto o prêmio por investir em ações diminui substancialmente. E deixar dinheiro em “caixa” deixa de ser uma estratégia que perde da inflação para voltar a ser uma opção tática interessante em momentos de turbulência.
A alta dos juros nos EUA acabou afetando fortemente todos os outros mercados. O S&P 500 fechou o mês com queda de 4,87%.
Mas como sabemos, um problema na maior economia do mundo acaba afetando todo o resto, e o Brasil com certeza não saiu ileso.
O Ibovespa que subia mais de 3% até o meio de mês, dando um sinal que iria finalmente deslanchar, acabou entregando (quase) tudo nas últimas 2 semanas.
E nesta terça já negocia um pouco acima dos 114 mil pontos. Um verdadeiro balde de água fria nas apostas de recuperação das ações brasileiras, que continuam em patamares baratos.
O dólar se fortaleceu contra as principais moedas do mundo e o real sofreu fortemente também, se desvalorizando para o patamar acima de R$ 5 para cada dólar, que não atingia desde março deste ano.
A curva de juros brasileira estressou fortemente. Atualmente precifica apenas uma queda da Selic até 10,5% em junho/2024, voltando a subir em 2025 e 2026 de volta para o patamar acima de 12%.
Os títulos indexados à inflação também sofreram, e voltaram a pagar juros reais gordos. Por exemplo, o título de 10 anos está pagando IPCA + 5,78%.
Infelizmente os ativos brasileiros foram fortemente afetados pelo cenário externo (aqui eu adiciono também a crise imobiliária chinesa), mas nossa perspectiva continua positiva para o último trimestre e início de 2024.
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