Diário de Bordo
“There is no planet B”
Pessoal, aqui é Felipe Monteiro, head de Investimentos Alternativos, e estou aqui para tentar substituir o Kiki enquanto ele curte suas merecidas férias.
Começo este Diário de Bordo com um lindo trecho do poema Hieroglyphic Stairway, de Drew Dellinger:
“O que você fez quando soube?
São 3:23 da manhã
e eu estou acordado
porque meus tataranetos
não me deixam dormir
meus tataranetos
perguntam-me em sonhos
o que você fez enquanto o planeta era saqueado?
o que você fez quando a Terra estava se desfazendo?
certamente você fez algo
quando as estações começaram a falhar.
certamente você fez quando os mamíferos, répteis, pássaros estavam todos morrendo?….
você encheu as ruas de protesto
quando a democracia foi roubada?”
Esse é um texto que ilustra bem uma frase dita por Barack Obama: “nós somos a primeira geração a sentir o impacto da mudança climática e a última que ainda pode fazer algo a respeito”.
O que quero dizer aqui é bem simples: se você não está preocupado com a mudança climática, provavelmente é porque está desinformado.
Julho de 2023 foi o mês mais quente já registrado na história e, enquanto escrevo este diário, os termômetros em São Paulo marcam 34ºC – o que seria normal para o verão paulistano, não fosse o fato de estarmos em pleno inverno.
Em paralelo, no mesmo dia, leio a notícia de uma enchente sem precedentes na Líbia que já matou 20.000 pessoas. Colocando em perspectiva, isso é mais do que o dobro de soldados americanos que morreram na guerra do Golfo, guerra do Iraque e guerra do Afeganistão somados.
E sim, ao contrário do que muitos pensam, a mudança climática não é somente com aquecimento; ela se dá também em eventos climáticos catastróficos como esse da Líbia e o ciclone no Rio Grande do Sul.
Como falei, a preocupação com o meio ambiente é proporcional ao grau de informação.
Feita essa introdução, vamos falar de futuro e perspectivas. O que os países e empresas estão fazendo para conter o aquecimento global e onde devemos chegar?
Em 2015, 193 países assinaram o famoso Acordo de Paris, se comprometendo a limitar o aquecimento global em até 2ºC (com esforços para 1,5ºC) neste século, em comparação ao período pré-industrial.
A temperatura de 2ºC foi considerada pelos cientistas como um limite saudável, que não acarretaria graves problemas para o aquecimento da Terra. Para chegarmos lá, todas as nações signatárias do Acordo devem atingir o Net Zero (emissões líquidas zeradas de gases de efeito estufa) até 2050.
Acontece que estamos indo muito mal! O dia mais quente de 2022 foi 1,26ºC acima da base pré-industrial. Ou seja, em 23 anos de século XXI, já aquecemos 63% da meta e caminhamos a passos largos para chegar em 2.100 tendo aquecido 4ºC, segundo estudos da Boston Consulting Group (BCG). De acordo com a mesma a consultoria, neste cenário de 4ºC acima do limite estabelecido, temos um problema não só ambiental, mas também econômico – o PIB mundial pode encolher 30%.
E, bem, quando a questão passa a ser econômica e mexe no nosso bolso, o assunto obviamente ganha mais relevância.
Apesar de todo o awareness do tema, as emissões globais de gases de efeito estufa são crescentes e continuarão sendo pelos próximos 100 anos – não há tecnologia em escala para reduzir as emissões. Combustível fóssil ainda é predominante e continuará sendo.
Você deve estar se perguntando: se as emissões globais são crescentes e impossíveis de serem reduzidas no curto prazo, ao mesmo tempo que precisamos limitar o aquecimento global, como fechar essa conta?
O mecanismo que vem ganhando cada vez mais força na luta contra a mudança climática é o crédito de carbono. Se os países precisam atingir emissões líquidas de ZERO e cada vez eles emitem mais gases de efeito estufa, eles têm duas saídas: remover ou evitar novas emissões.
Assim, se um país emite 100 milhões de toneladas de carbono e remove 100 milhões, ele atingirá o net zero. E a essa altura do campeonato, o mundo não precisa ser “carbono negativo”; o que precisamos é atingir o equilíbrio.
O crédito de carbono é um ativo que representa 1 tonelada de carbono evitada ou removida da atmosfera. Sua origem vem de projetos como reflorestamento, conservação de floresta (reduzindo o desmatamento), sequestro de metano em aterro sanitário, energia limpa, entre outros. O crédito é usado como instrumento financeiro para incentivar empresas a realizarem projetos como os mencionados acima. Segundo a McKinsey, esse é um mercado que deverá multiplicar em 50x nos próximos anos.
O investimento em crédito de carbono é um daqueles bons encontros da vida – uma tese legal, que ajuda o combate à mudança climática e ao mesmo tempo busca um excelente retorno financeiro.
A Empiricus Investimentos foi pioneira em fazer a gestão do primeiro fundo de investimento da América Latina focado em crédito de carbono. Esse fundo, captado com Family Offices e Investidores Institucionais, está 100% investido e apresentando um excelente retorno (72% ao ano). Hoje temos 3MM de toneladas de crédito de carbono em estoque.
Agora, já como uma empresa do BTG Pactual, estamos partindo para o Fundo II, uma co-gestão com o time de Investimento Sustentável do banco. Este Fundo II irá prover liquidez a projetos geradores de crédito de carbono e terá um prazo de duração de 5 anos. Infelizmente, por restrições da CVM, esse produto ainda é voltado somente para Investidores Profissionais.
Caso queira saber mais, estou pessoalmente à sua disposição para falar sobre nosso novo fundo. Adoro esse tema e, quanto mais pessoas engajadas, melhor para o mundo.
Finalizo por aqui com uma reflexão:
A terra tem 4,6 bilhões de anos. Vamos colocar em escala de 46 anos. Nós, seres humanos, estamos aqui há 4 horas. A revolução industrial começou há 1 minuto. E nesse tempo “minúsculo”, já destruímos mais de 50% das nossas florestas.
Precisamos urgentemente viver de forma sustentável.
Caso você tenha dúvidas ou sugestões, basta enviar um e-mail para a gente pelo relacionamento@empiricusinvestimentos.com.br
Um abraço,
Felipe Monteiro
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