Carta do Gestor
Risky Business
Novembro ficou marcado como um mês de recordes históricos de alta pelo mundo afora. Localmente, a Bolsa já se aproxima dos preços de dezembro de 2019. As vacinas ficam cada vez mais próximas e o otimismo é crescente. Nossos produtos, em geral, aderiram bem às altas ao longo do mês, trazendo bons retornos.
Essa é nossa Carta do Gestor. Nela, você encontra um resumo dos mercados durante o mês e uma breve análise sobre o resultado de cada um dos nossos fundos. No final da carta, você encontra uma tabela com os resultados de todos os fundos.
Lembre-se que, por uma regra da CVM, só podemos falar sobre o resultado dos fundos que tenham mais de 6 meses de histórico.
Como foram os mercados em novembro
A palavra do mês foi “Rotation” (rotação em português). Com a recuperação rápida dos setores de saúde e tecnologia, desde o auge da crise em março, as empresas da “velha economia” ainda se encontravam bastante “descontadas” na Bolsa. Isso mudou consideravelmente ao longo deste mês, no qual foi possível observar uma reversão dos fluxos de investimento em empresas da nova economia para os “bancões” e empresas de commodities.
Na política doméstica observamos no último fim de semana a definição das eleições municipais, que mostraram uma tendência de alinhamento ideológico com posições de centro. O desapontamento com o governo Bolsonaro não se converteu em uma volta do pêndulo para esquerda, que foi muito mal votada. Os candidatos apoiados por Bolsonaro também não tiveram êxito. Parece ser um sinal de que o mundo está se tornando menos extremista.
Lá fora, tivemos a vitória de Biden sobre Trump por uma margem considerável, e o atual presidente americano aos poucos aparenta estar se conformando com o resultado, facilitando o processo de transição de governo. Além disso, o mês foi recheado de boas notícias relativas às vacinas de Covid-19. A vacina da Moderna, por exemplo, surpreendeu com a alta eficácia apresentada nos testes mais recentes.
Ainda no cenário internacional, vimos uma queda significativa do dólar frente ao Real, que fechou o mês cotado a R$ 5,35, ao mesmo tempo em que o S&P 500 subiu fortemente, finalizando o penúltimo mês do ano com alta de 10,8%. Contudo, nem só alta de altas vive o mercado, e o preço do ouro (com base no ETF: IAU) fechou o mês com desvalorização de 5,3%, o que não surpreende, tendo em vista a diminuição dos cenários de incerteza (no gráfico abaixo é possível enxergar com clareza a correlação negativa do ouro frente ao S&P 500).
Voltando aos números brasileiros, o índice Bovespa teve um dos melhores desempenhos para meses de novembro desde sua criação, acumulando alta de 15,9%. O grande fluxo de capital estrangeiro contribuiu para a alta da bolsa brasileira, recuperando parte da saída do capital durante a pandemia.
Na renda fixa a alta na inflação surpreendeu, com o IMA-B (índice que mede a rentabilidade dos títulos públicos indexados à inflação) rendendo 2,00% no mês. O índice CDI-JGP (índice criado pela gestora JGP para acompanhar o crédito privado) retornou 0,62% em novembro.
De olho em dezembro, devemos esperar mais um Rally de fim de ano? Apesar dos cenários políticos doméstico e internacional mais calmos apontarem nessa direção, devemos manter uma postura cautelosa em relação a este otimismo, principalmente ainda pela sensível situação fiscal brasileira. Afinal, como alertava Mark Twain: “It ain’t what you don’t know that gets you into trouble. It’s what you know for sure that just ain’t so.” (Em tradução livre: Não é o que você não sabe que vai colocá-lo em apuros. É o que você tem certeza que sabe mas está errado.).
Como foram os nossos fundos
Você já deve saber, mas não custa lembrar. Só podemos comentar sobre a performance dos fundos que têm mais de 6 meses de histórico, incluindo aqueles que tiveram alteração em sua política de investimentos, como os nossos Blends.
O FoF SuperPrevidência e o FoF SuperPrevidência 2 encerraram o mês em alta de 3,33% e 3,06%, respectivamente, com desempenhos próximos devido à semelhança das carteiras. No semestre acumulam um retorno de 6,76% e 5,91%. Impulsionado pela alta das ações, a alocação em renda variável, que corresponde a um percentual teórico de cerca de 25% do patrimônio do fundo, desempenhou um papel importante no portfólio, com destaque para os fundos Athena Icatu II FIA Previdenciário FIFE e Atmos Institucional FICFIA, que estavam bem posicionados e surfaram o fenômeno de rotação setorial que ocorreu ao longo do mês.
O FoF Prev Arrojado apresentou alta de 7,40%, totalizando 14,30% no semestre, devido a sua alocação predominante em renda variável. Todos os fundos do portfólio performaram positivamente, com destaque para o Equitas Selection Institucional FICFIA e Hix Prev 100 Master FIM, com retornos de 14,24% e 12,42%, respectivamente. Já o FoF Prev Conservador fechou o mês com retorno superior ao do mês anterior (0,57% contra 0,24%), com rentabilidade conduzida pela alocação no Icatu Vanguarda Inflação Curta FIRF LP, fundo de maior peso dentro da carteira. No mês acumula um retorno de 2,89%.
O FoF Melhores Fundos fechou o mês com alta de 3,74% e algumas modificações na carteira. A carteira, que tem retorno de 9,29% no semestre, sofreu alterações no final da primeira quinzena do mês de novembro, que agora deixa de ter parcela internacional por meio da alocação em SPXI11, sendo “compensado” pelo aumento em Ouro e Dólar como forma de introduzir um balanço entre as posições de maior risco e aquelas que oferecem um amortecimento no caso de alguma queda. Além destas mudanças, a carteira aumentou exposição em bolsa, com uma visão otimista, mas ainda cautelosa e atenta sobre os eventos que podem trazer volatilidade. As modificações ainda refletirão nas posições em crédito privado, que terá redução por volta de 2,5% da carteira, e entrada de uma pequena parcela em fundos de private equity.
O FoF Melhores Fundos Ações como é de se esperar dado o seu perfil, capturou a alta da bolsa, com retorno de 11,51% no mês e 19,61% no semestre, e tem como destaque o fundo Equitas Selection FICFIA. O FoF Melhores Fundos Multimercado teve uma rentabilidade de 1,92% no mês de novembro e 2,37% no semestre, com grande contribuição dos fundos classificados como multimercados trading.
O FoF Melhores Fundos Global fechou novembro com um recuo de -2,52%, devido ao impacto cambial, mas mantém uma alta expressiva de 21,64% desde o seu lançamento em março deste ano. Durante o mês, fizemos algumas movimentações importantes, em linha com a publicação “Os Melhores Fundos de Investimentos” da Empiricus, que inspira o fundo. Para continuar nosso rebalanceamento, fizemos novos aportes nos fundos do JP Morgan e da AQR.
O Carteira Universa, teve um retorno de 3,91% no mês e 8,56% nos últimos 6 meses, um ótimo desempenho, ainda que o fundo não esteja muito posicionado em ativos que compõem o índice e por sua vez, não fazem parte do movimento de rotação setorial, responsável pela alta expressiva da Bolsa em novembro. Fizemos algumas movimentações: encerrando a posição em JSRE11 e aumentando a posição em BTLG11 no book de Fundos Imobiliários. Também adicionamos os papéis das famosas Berkshire Hathaway e Disney ao nosso portfólio de Renda Variável Internacional. Já em nossa parcela de Renda Variável local, adicionamos apenas as Lojas Quero-Quero ao nosso book. Por outro lado, fizemos diversas mudanças em nossas Proteções, comprando PUTS (opções de venda) de Petrobrás, para capturar uma eventual correção estrutural de mercado, aumentamos a posição em nossa cesta de moedas, composta por Iene, Franco-suíço, Euro e Libra vs. Real, e reduzimos o peso de nossa alocação em Ouro e Prata. As demais movimentações foram feitas a partir de reduções em nosso Caixa, aumentando o grau de risco do fundo dado que a alocação atual do Carteira Universa é de 37% em ações, 7,6% em fundos imobiliários, 11,5% em proteções, 14,75% em ativos internacionais e 29,15% em renda fixa.
O Money Rider Hedge Fund teve uma rentabilidade espetacular para o mês, rendendo 2,32%, acumulando uma alta de 20,16% nos últimos 6 meses. Este resultado é muito positivo para o fundo, dada a variação do dólar no mês. Realizamos poucas alterações na carteira, reduzindo apenas a nossa exposição em Prata. Por outro lado, aumentamos as nossas proteções através de diversas alterações em nosso book de opções, “rolando” a call (opção de compra) de S&P para o vencimento de março de 2021 e adicionamos uma call de NASDAQ, a QQQ ao portfólio. Além disso, compramos uma put de IWM com vencimento em janeiro de 2021, para finalizar as movimentações da carteira.
O Microcap Alert também teve uma boa rentabilidade em novembro, de 8,71%. No mês, o fundo está batendo o seu benchmark por aproximadamente 2 pontos percentuais. Já nos últimos 6 meses o fundo rendeu 22,15%. Em relação às mudanças na carteira, tivemos uma tentativa frustrada de participar no IPO da 3R Petroleum, em que não fomos alocados e compramos os papéis no mercado secundário, e compramos BDRs da Aura Minerals. Desmontamos a posição em ações da Cyrella Comercial Properties, e por fim, no último dia do mês, demos início a um balanceamento de carteira, alterando todos os pesos dos papéis contidos em nosso portfólio.
Já o MAB Plus teve um retorno de 11,46% em novembro e não superou o seu benchmark. O fundo acumula um retorno de 23,15% nos últimos 6 meses. Realizamos as mesmas movimentações no Microcap Alert relativos à estratégia Plus e não fizemos nenhuma nova aquisição na estratégia MAB, apenas um balanceamento alterando o peso das ações em nossa carteira.
O fundo Oportunidades de Uma Vida, sofreu com a rotação setorial e não superou o Ibovespa, rendendo 13,58% no mês. O fundo sobe 17,06% nos últimos 6 meses. Permanecemos sem movimentações nos ativos em novembro, pois acreditamos que nossa tese está em processo de maturação.
O destaque do mês novamente foi o Canabidiol, que rendeu 33,30%, e nem mesmo a variação negativa do dólar conseguiu afetar sua excelente performance. O fundo sobe 54,56% nos últimos 6 meses e a expectativa após a eleição do democrata Joe Biden é de que a indústria se beneficie ainda mais de uma possível legalização da cannabis. O Canabidiol Light, por sua vez, acompanhou o fundo principal e teve uma rentabilidade de 5,85% em novembro, acumulando uma alta de 9,03 % nos últimos 6 meses.
O Exponencial (fundo que investe somente nas ações da XP Inc.) teve uma queda de -4,49% em novembro. No entanto, o fundo acumula um retorno de 26,15% nos últimos 6 meses. Vale destacar que a XP anunciou recentemente um follow-on de 1,3 bilhões de dólares onde o Itaú, seu principal acionista irá vender 5% de sua posição. A versão para investidores em geral, o Exponencial Light, rendeu -0,59% no mês, acumulando retorno de 9,30% nos últimos 6 meses.
A performance do Vitreo Ouro, neste mês foi de -12,35% acumulando apenas 0,15% nos últimos 6 meses. A má performance do fundo no mês ilustra a correlação negativa das proteções com o mercado de ações, mostrando que quando a bolsa sobe, o ouro geralmente cai.
Passaremos a analisar brevemente o comportamento dos nossos fundos de tecnologia mensalmente, a nossa família “Tech”, sem mencionar detalhes sobre suas rentabilidades.
De qualquer forma, o Tech Select, teve uma performance positiva, o que é excelente para um mês de rotação setorial e desvalorização do câmbio. Fizemos algumas alterações em nossa estratégia “importando” a nossa alocação no exterior em FAANGs para as BDRs, criando um espaço para alocações no exterior (limitadas a 20% do fundo) e possibilitando a entrada de novas empresas para melhor nossa diversificação. Com isso, adicionamos à carteira uma nova empresa do ramo de segurança cibernética, a Zscaler.
O Tech Brasil, também teve uma performance positiva, o que novamente é muito positivo para um mês de rotação setorial. Recentemente, avaliamos o IPO da Enjoei, mas optamos por não participar. De qualquer forma, seguiremos avaliando novas oportunidades que possam surgir no setor de tecnologia brasileiro e devemos ter novidades em breve.
Por sua vez, o Tech Asia teve uma performance negativa, duplamente impactado pelo câmbio e por incertezas quanto às interferências do governo chinês no mercado. Ainda que tais fatores tenham contribuído para uma performance negativa no curto prazo, espera-se um comportamento mais diplomático de Joe Biden, acalmando as tensões entre os Estados Unidos e a República da China, trazendo uma perspectiva mais positiva para empresas do país. Em relação à estratégia, fomos pegos de surpresa com cancelamento do IPO do Ant Group, mas seguimos com o fundo totalmente alocado em ações de qualidade. Em razão do cancelamento, optamos por complementar o nosso portfólio comprando algumas ações internacionais como: a Sea Limited, Tencent e a Hon Hai Precision.
O PRP teve um retorno de 9,30% no mês. O fundo acumula 14,96% de alta nos últimos 6 meses. Esse mês, zeramos nossa posição em Cosan (CSAN3) e realocamos esse recurso da seguinte forma; 1% em Natura (NTCO3), 0,5% em Fleury (FLRY3) e 0,5% em Alpargatas (ALPA4). Além disso reduzimos nossa participação em Weg (WEGE3) de 3% para 2,5%.
Mais um mês de destaque para o Criptomoedas. O fundo rendeu 23,05% no mês de novembro e um acúmulo surpreendente de 81,537% nos últimos 6 meses. Destaque para o Bitcoin que se aproxima cada vez mais de sua máxima histórica, só neste mês a cripto em destaque disparou 40%. Volto a lembrar que o BTC representa a parcela dominante na composição da carteira, mas que dinamicamente também é turbinada com diferentes Altcoins, tais como Ethereum (ETH) e Chainlink (LINK)
Atendendo a pedidos de nossos seguidores, o antigo Criptomoedas Light passou a ser o Cripto Metals Blend. Este, além de manter os 20% de sua alocação em Criptomoedas, agora conta com uma nova composição para os seus outros 80%, sendo 10% em Prata e 70% em Ouro.
O AWP, veículo constituído em parceria com Itajubá e Gama Investimentos e que investe em cotas do fundo AllWeather Portfolio, o fundo do Ray Dalio da Bridgewater Associates, teve um mês muito tranquilo com leve recuo de -0,72% no mês e um acúmulo de 27,40% desde o início.
O Vitreo Inflação, fundo que concentra seus investimentos nas NTN-Bs, teve seu retorno de 2,72% no mês de novembro. E aparece com um acumulado de 6,72% nos últimos 6 meses.
No mês de novembro tivemos uma queda significativa para o Vitreo Dólar, o fundo recuou –6,79% no mês e segue um acumulado nos últimos 6 meses de –1,04%.
O Bonds USD, fundo que compra títulos de empresas brasileiras no exterior pagando um prêmio maior lá fora do que aqui no Brasil. Este teve o mês de novembro um recuo de –4,3% sendo puxado principalmente pela queda do dólar que caiu mais de 6%. Já nos últimos 6 meses, o fundo conta com um acumulado de 8,96%.
O Bonds BRL, fundo que segue a mesma estratégia do Bonds USD porém dessa vez sem a exposição cambial, assim conta apenas com os prémio dos títulos emitidos lá fora. Este teve um mês positivo de 1,95% e um acumulado de 6,30% nos últimos 6 meses. Sua versão light, o Bonds BRL Light teve um ganho de 0,46% no mês de novembro e 1,20% desde seu início.
O Journey RDVT11 fundo teve um leve recuo de -0,02% em novembro e acumula alta de 35,75% nos últimos 6 meses.
E vale sempre lembrar: rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura, nenhum retorno é garantido e o investimento em fundos não conta com garantias de qualquer prestador de serviço ou do FGC.
Tabela com os resultados dos fundos
Um abraço,
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