Diário de Bordo
O anúncio de Elon Musk que realmente importa
Finalmente Elon Musk fez o anúncio que pode transformar o mundo. Não estou falando da sua encrenca com o nosso poder judiciário, mas sim sobre o lançamento da sua frota de “robotáxis“.
Na segunda-feira (8), Musk postou em sua rede social, o X, que a Tesla mostrará ao mundo seu novo veículo capaz de transportar pessoas de forma autônoma no dia 8 de agosto. Esse modelo de negócio, tal qual vislumbrado pelo CEO, seria capaz de criar uma fonte brutal de receitas para a companhia e transformá-la de fato na grande aposta global em mobilidade.
A verdade é que a Tesla vem perdendo sua representatividade no mundo dos veículos elétricos. Os chineses, liderados pela BYD, vêm tomando a frente nessa corrida. Até o dia 1o. de abril, a empresa asiática produziu 612 mil veículos (contra 567 mil do mesmo período do ano passado) e, para o restante do ano, projeta entregar mais de 3,6 milhões de unidades aos seus clientes.
Já a gigante americana produziu “apenas” 433 mil unidades nesses primeiros três meses do ano, um volume inferior àquele visto no mesmo período do ano passado.
Essa dinâmica mais fraca se deve em parte à obsolescência visual dos seus veículos (estão ficando antiquados) e, também, à falta de novidades tecnológicas, especialmente no que tange a ferramenta FSD (Full Self Driving), cujo objetivo final é proporcionar uma experiência mais completa em termos de direção autônoma.
O atraso no desenvolvimento dessa ferramenta se deve a mudança estrutural na sua abordagem. Em modelo anterior, o sistema FSD era baseado em regras predefinidas escritas em código C++. Ou seja, os programadores procuravam delinear todos possíveis eventos durante a condução e construir as regras para a reação do veículo.
Agora, o sistema atual utiliza um sistema de árvores decisórias baseada em redes neurais e inteligência artificial, cujo aprendizado é proveniente de dados reais de condução e que permite reações mais efetivas diante de problemas mais complexos.
O treinamento dessa rede neural da Tesla é feito por meio da utilização de bilhões de fragmentos de vídeos capturados a partir da condução dos veículos por seus proprietários.
Ao detectar algum incidente ou evento fora do padrão (freada ou mudança de direção brusca, por exemplo), as câmeras e os sensores do carro entram em ação e fazem a captura das imagens e informações necessárias para o treinamento do modelo.
No final do dia, ao deixar a bateria do carro na tomada, o pacote de dados é enviado para a central da Tesla.
Essa mudança de abordagem foi significativa para o futuro do veículo autônomo, já que permite reações mais intuitivas por parte do sistema, além de mais parecidas com aquelas realizadas por seres humanos.
Diariamente, a companhia compila dados e informações de cerca de 2,5 milhões de milhas percorridas pelos seus clientes.
Muito provavelmente, a frota dos “robotáxis” de Elon Musk não estará preparada para invadir as ruas nos próximos meses.
Ainda existem várias questões a serem resolvidas, como por exemplo, a própria questão energética. Mas um modelo de negócio que tenha como base a premissa de veículos autônomos poderia ser a tábua de salvação da Tesla.
De acordo com Cathie Wood, CEO e CIO da Ark Invest (e entusiasta, claro), o potencial de um modelo de negócio desse tipo seria imenso, especialmente sob a ótica da margem operacional.
Para ela, as ações da empresa poderiam alcançar os US$ 2 mil em 2027, supondo que 67% desse valor seria derivado dessa operação. O “roadmap” parece claro. Os obstáculos, entretanto, nem um pouco.
Em meados de março, adquirimos as ações da Tesla para a carteira do Empiricus Tech Select FIA BDR Nível I.
Diante da forte queda do ano — cerca de 30% — e da manutenção do cenário macroeconômico positivo nos EUA, a aposta nas ações parece fazer sentido, apesar do provável fraco desempenho corporativo que deve advir nos resultados do primeiro trimestre, que sairá no próximo dia 23.
A aposta nesta tecnologia merece atenção.
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O comportamento dos mercados em abril
Os investidores globais têm mantido uma posição de cautela nesse começo de mês. Nos países desenvolvidos, as preocupações associadas ao avanço da inflação minaram parcialmente o apetite ao risco. Tanto as bolsas europeias quanto as americanas cedem parte dos ganhos do ano nestes primeiros dias de abril. O índice S&P500 perde 1,2%, o Nasdaq cai 0,9% e o EuroStoxx 50 cai 1,8%.
Por outro lado, a renda variável nos países emergentes parece ter ganhado algum fôlego. Parte desse movimento se deve a leitura de um possível “reflation trade”, no qual os emergentes acabam beneficiados momentaneamente pelos preços de commodities em alta. Tanto os metais quanto o petróleo e os seus derivados, apresentam valorizações interessantes no mês. As exceções são as commodities agrícolas que ainda sofrem.
Nos EUA, toda a atenção estará voltada para os indicadores de inflação. O consenso de mercado aponta para uma alta de 0,3% no CPI de março, mas o avanço mais recente dos preços de energia, em especial, podem gerar surpresas negativas e pressionar a taxa. Uma inflação mais elevada, especialmente sob a ótica do núcleo, pode levar as taxas de juros de 10 anos ainda mais para cima, minando ainda mais o apetite ao risco.
Do lado do Brasil, os olhos também se voltarão para o IPCA fechado do mês de março, que será divulgado hoje. Os números mais recentes não foram tão positivos e minaram levemente o processo desinflacionário, o suficiente para revisarmos a nossa previsão de taxa terminal da Selic para 9%. Em nossa última carta mensal, ressaltamos os principais pontos para a construção do nosso cenário base — veja aqui.
Por fim, vale mencionar a largada para a temporada de resultados. Na sexta-feira (12), os grandes bancos americanos — JP Morgan Chase, Wells Fargo, Citigroup e a BlackRock — vão dar as primeiras pistas das reais condições das empresas e famílias nos EUA. Números mais positivos podem consolidar a visão de que os juros básicos não teriam tanto espaço para cair. Por outro lado, abririam as portas para maiores retornos prospectivos para a renda variável. Provavelmente, esse equilíbrio entre lucratividade e taxas de desconto se perpetuará ao longo do ano. O trânsito na renda variável precisará passar por essa prova.
Forte abraço,
João Piccioni.
Abaixo, segue a tabela contendo os resultados das principais estratégias da casa, nas janelas mensal, anual, semestral e anual. Caso você deseje conferir algum outro fundo que não esteja presente nesta lista, visite o nosso site: www.empiricusgestao.com.br.
PS1. Divulgamos ontem a Carta Trimestral do Empiricus Deep Value Brasil FIA (1T24). Nela, comentamos o cenário para a bolsa brasileira e revisitamos brevemente os casos presentes no portfólio. Veja nesse link.
PS2. Também divulgamos a Carta Trimestral dos fundos de Previdência. Nela mostramos os destaques e os detalhes de um dos principais fundos da casa. Veja no link.
Forte abraço,
João Piccioni
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