Pior que Covid, LUNA e FTX? Como market makers podem ter lucrado com esse colapso!

Nos últimos dias, o mercado de criptomoedas enfrentou uma das maiores quedas de sua história, com US$ 800 bilhões evaporados e mais de US$ 2 bilhões em liquidações em apenas 24 horas—um movimento ainda mais intenso do que as crises desencadeadas pela Covid, pelo colapso da LUNA e pelo caso FTX.

Essa forte desvalorização foi impulsionada pelo efeito cascata das liquidações forçadas. Investidores alavancados—ou seja, que operam com dinheiro emprestado para ampliar suas posições—não conseguiram cobrir suas perdas, levando as corretoras a vender automaticamente seus ativos. Esse processo acelerou ainda mais a queda dos preços, criando um ciclo vicioso de liquidações e pânico no mercado.

Além disso, circulam rumores de que market makers (empresas que fornecem liquidez ao mercado) podem ter se beneficiado desse colapso. Um dos principais alvos dessas especulações é a Wintermute, uma das maiores market makers do setor. Dados on-chain indicam que a empresa pode ter vendido grandes quantidades de tokens para forçar os preços para baixo, gerando ainda mais liquidações—apenas para recomprá-los posteriormente a preços mais baixos. Essa possível manipulação, conhecida como “liquidation hunting”, reacendeu debates sobre a transparência e a regulamentação do mercado cripto.

Outro fator que contribuiu para a instabilidade foi o cenário macroeconômico e geopolítico. Novas tarifas comerciais impostas pelos EUA, somadas a incertezas no mercado financeiro tradicional, levaram a uma venda generalizada de ativos de risco, incluindo criptomoedas. Com a crescente institucionalização desse mercado, eventos macroeconômicos têm exercido um impacto cada vez mais significativo sobre os criptoativos.

O Bitcoin chegou a negociar na casa dos US$ 91.245, enquanto as altcoins sofreram quedas ainda mais expressivas, refletindo a crescente aversão ao risco dos investidores diante da volatilidade global.

Esse episódio reforça a necessidade de regras mais claras e mecanismos de proteção para evitar desvalorizações tão abruptas. O impacto das liquidações automáticas e a falta de transparência dos market makers evidenciam que o mercado ainda precisa amadurecer para garantir um ambiente mais previsível e seguro para os investidores.

Um evento relevante no horizonte pode trazer novos direcionamentos: David Sacks, conselheiro de IA e cripto do ex-presidente Donald Trump, realizará uma coletiva de imprensa no dia 4 de fevereiro para discutir ativos digitais e as estratégias dos EUA para manter sua liderança nesse setor. O mercado agora aguarda possíveis anúncios regulatórios que possam influenciar os próximos passos do setor e, quem sabe, restaurar a confiança dos investidores.

Variações semanais (27/01/25 a 03/02/25)

₿ Bitcoin (BTC): US$ 100.704 | Var. +1,20%
♦ Ethereum (ETH): US$ 2.740 | Var. -10,69%
🟠 Dominância Bitcoin: 61,38% | Var. +3,68%
🌐 Valor total do mercado cripto: US$ 3,25t | Var. -2,40%
💵 Valor de mercado de stablecoins: US$ 217,765b | Var. +1,08%
📊 Valor total travado (TVL) em DeFi: US$ 107,646b | Var. -8,06%
* dados referentes ao fechamento em 03/02/25

Tópicos da semana

• Kraken e Coinbase avançam na regulamentação na Europa e no Reino Unido: As exchanges Kraken e Coinbase garantiram aprovações regulatórias estratégicas para expandirem suas operações. A Kraken obteve uma licença MiFID na União Europeia, permitindo a oferta de derivativos regulados no mercado europeu. Já a Coinbase conquistou o registro VASP da Financial Conduct Authority (FCA) no Reino Unido, ampliando sua capacidade de conversão cripto-fiat. Com a chegada da regulamentação MiCA na UE e um novo marco regulatório britânico previsto para 2025, ambas consolidam sua presença nesses mercados.
• MicroStrategy interrompe sequência de compras de Bitcoin: Após 12 semanas consecutivas de aquisições, a MicroStrategy pausou a compra de BTC, mantendo seu total em 471.107 bitcoins. A empresa, que se tornou referência por sua estratégia agressiva de acumulação de criptoativos, faz uma pausa em sua expansão contínua de holdings.
• Novo Secretário do Tesouro dos EUA assume papel-chave na regulação cripto: Scott Bessent, recém-nomeado Secretário do Tesouro dos EUA, foi designado por Donald Trump como diretor interino do Consumer Financial Protection Bureau (CFPB). A agência, responsável por regulamentar o mercado financeiro de consumo, tem trabalhado em novas normas para o setor cripto, incluindo uma “regra interpretativa” voltada para a proteção de usuários contra fraudes em transações digitais. Sua nomeação ocorre após a demissão do ex-diretor Rohit Chopra e pode sinalizar uma reestruturação na abordagem regulatória do governo.
• THORChain aprova plano para reestruturar US$ 200 milhões em dívidas: Diante de uma crise de US$ 200 milhões em passivos, a THORChain aprovou um plano de reestruturação que converte a dívida em tokens de equity chamados TCY (Thorchain Yield). Os detentores de TCY terão direito a 10% da receita da rede em perpetuidade, substituindo pagamentos em Bitcoin ou Ethereum. Serão emitidos 200 milhões de TCY a uma taxa de 1 TCY por dólar de dívida inadimplente, e um pool de liquidez RUNE/TCY será criado com US$ 500 mil financiados pelo tesouro da THORChain. A decisão faz parte de um plano de reestruturação de 90 dias, que também inclui a suspensão temporária dos serviços ThorFi (Savers e Lending).

Gráficos da semana

A Raydium, exchange descentralizada baseada na Solana, superou a Uniswap em volume de negociações em janeiro, tornando-se a maior DEX do período. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelo aumento das negociações de memecoins, levando a Raydium a representar 27% do volume total de DEXs, enquanto a Uniswap viu sua participação cair de 34,5% em dezembro para 22% em janeiro, em meio a críticas sobre a falta de inovação no ecossistema Ethereum. Outras DEXs, como PancakeSwap (17%) e as exchanges da Solana Orca e Meteora, também se destacaram.

O sucesso da Raydium reflete a ascensão da Solana, que processou cinco vezes mais transações que o Ethereum em uma única semana de janeiro, consolidando sua posição como líder no setor. Além disso, a explosão de negociações foi parcialmente atribuída ao hype em torno do memecoin oficial de Donald Trump, que rapidamente se tornou uma das criptomoedas mais valiosas do momento.

Escrevo aqui no Radar Crypto representando o time da Empiricus Gestão.
É sempre um prazer compartilhar essas ideias com vocês!

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Forte abraço,
Marcello Cestari