Trump e Sua Memecoin na Solana: Uma Faca de Dois Gumes no Mercado Cripto

Na sexta-feira passada, dia 17 de janeiro, o Trump lançou uma memecoin na Solana onde o preço inicial era na casa dos $0,18 e o preço chegou no all time high de $74,69 (sim, absurdo).

O valor de mercado do projeto chegou a aproximadamente 5,4 a 5,8 bilhões de dólares em menos de 24 horas após o lançamento.

Distribuição: aproximadamente 80% do suprimento total de tokens está com o CIC Digital LLC e Fight Fight LLC, que são controladas por Trump e seus associados.

Os outros 20% dos tokens foram lançados no primeiro dia onde 10% foi alocado para liquidez, o que significa que esses tokens foram usados para fornecer liquidez em exchanges descentralizadas (DEXs) como parte do processo de listagem e negociação.

E os 10% restantes foram disponibilizados para distribuição pública, permitindo que a comunidade de traders e investidores pudesse acessar e negociar esses tokens desde o início.

Ou seja, um projeto MUITO centralizado, que tem característica de rug pull* e inclusive foi motivo de crítica por uma parte da comunidade cripto (com razão).

*rug pull: fraude onde os desenvolvedores de um projeto promovem intensamente uma criptomoeda ou token para atrair investimentos, só para depois desvalorizá-lo intencionalmente, retirando liquidez, transferindo os fundos para suas próprias carteiras e abandonando o projeto, deixando os investidores com tokens sem valor.

Para você encontrar essas informações é só você copiar o endereço do contrato da memecoin e colar em um explorador de blocos (nesse caso é o Solscan.io uma vez que a memecoin foi lançada na Solana).

Enfim, esse lançamento gerou muita discussão no mercado de cripto.

Essa foto abaixo resume bem minha opinião sobre esse caso da memecoin do Trump e da Melania.

O fato de ambas as afirmações serem verdadeiras eu acho que a segunda afirmação se sobressai em relação à primeira.

Óbvio que esses lançamentos reforçam a ideia de tokens de especulação, sem fundamentos, manipulação de mercado etc.

Ainda mais depois do lançamento de MELANIA, onde a comunidade criticou, uma vez que ela nunca demonstrou entender, se interessar sobre cripto.

Mas enxergar só assim, é só olhar para um lado da moeda.

Se você parar para pensar, depois desses lançamentos, uma grande quantidade de pessoas começaram a investir em cripto e em memecoins, e logo de cara já aprenderam na prática que navegar nesse mercado não é fácil e simples de lidar com a “bagunça” que tem.

Para vocês terem noção, a gente teve mais de 1 milhão de novos investidores em memecoins:

Também tivemos influenciadores brasileiros que nunca falaram sobre cripto dando declarações que ganharam dinheiro com a memecoin do Trump, etc. Ou seja, gerando barulho, atenção de pessoas que nunca sequer tinham ouvido falar de cripto ou até mesmo que já tinham ouvido falar, mas nunca tinham parado para se aventurar nesse mercado.

E isso me traz um questionamento interessante:

Será que o lançamento das memecoins do Trump não furou a bolha e a partir de agora veremos o varejo entrando nesse mercado e dando mais liquidez que estamos esperando já faz algum tempo?

Ainda é cedo para falar, mas isso é enxergar o outro lado da moeda.

Variações semanais (13/01/25 a 20/01/25)

₿ Bitcoin (BTC): US$ 103.667 | Var. +10,67%
♦ Ethereum (ETH): US$ 3.343 | Var. +8,33%
Dominância Bitcoin: 58,60% | Var. +0,15%
Valor total do mercado cripto: US$ 3,5t | Var. +10,41%
Valor de mercado de stablecoins: US$ 210,505b | Var. +2,01%
Valor total travado (TVL) em DeFi: US$ 124,505b | Var. +11,39%
* dados referentes ao fechamento em 20/01/25

Tópicos da semana

• O Tribunal de Apelações do Terceiro Circuito dos EUA ordenou que a SEC explique por que negou a petição da Coinbase para criar regras específicas para o mercado cripto, classificando a decisão como “arbitrária e caprichosa”: Embora a corte não tenha exigido que a SEC inicie imediatamente a formulação dessas regras, destacou que as justificativas apresentadas pela agência, como a alocação de recursos e a adequação das normas existentes, foram insuficientes. A Coinbase, que pede por maior clareza regulatória desde 2022, argumenta que as regras atuais não atendem à complexidade do mercado cripto. A decisão aumenta a pressão sobre a SEC, já criticada por sua abordagem punitiva contra empresas cripto sem fornecer diretrizes claras, o que levanta questões sobre o devido processo legal.
• A exchange de derivativos cripto Deribit está atraindo interesse de potenciais compradores e contratou a Financial Technology Partners LLC (FT Partners) para revisar oportunidades estratégicas, segundo a Bloomberg: Apesar disso, a empresa afirmou que não está oficialmente à venda, mas reconheceu ter recebido propostas de investimento estratégico ao longo do tempo. Entre os interessados, destacou-se a exchange Kraken, que não avançou na negociação. A Deribit, líder no mercado de derivativos de ativos digitais, registrou em dezembro 73,4% do volume de opções de bitcoin, com picos históricos de atividade em novembro de 2024, após as eleições presidenciais dos EUA. Estima-se que seu valor de mercado ultrapasse US$ 5 bilhões.
• Um tribunal de Hong Kong emitiu notificações legais tokenizadas para endereços de carteiras na blockchain Tron envolvidas em atividades ilícitas, congelando aproximadamente 2,65 milhões de USDT vinculados a um golpe: Essa abordagem inovadora, que utiliza tecnologia blockchain para atingir proprietários anônimos, destaca o avanço no uso de métodos digitais para aplicação da lei, seguindo precedentes do Reino Unido e dos EUA. Embora a adoção ainda enfrente desafios, como falta de padronização e complexidade técnica, especialistas veem potencial na integração de blockchain com sistemas jurídicos para lidar com crimes digitais, enfatizando a necessidade de colaboração global e regulamentação aprimorada.

Gráficos da semana

Nos últimos anos, o Bitcoin ganhou destaque como uma potencial reserva estratégica para diversos países. Liderado por El Salvador, que já adota o Bitcoin como moeda oficial desde 2021, o movimento atrai cada vez mais nações. Nos Estados Unidos, um projeto de lei propõe a compra de 1 milhão de BTC em cinco anos, enquanto no Brasil um debate sugere alocar 5% das reservas soberanas em Bitcoin para proteger a economia contra flutuações cambiais e riscos geopolíticos. Rússia e República Tcheca também estudam a integração do ativo em suas estratégias financeiras.

Dá uma olhada no interesse de ter Bitcoin em suas reservas por país:

Na Europa, Suíça, Alemanha e Polônia discutem projetos que incluem o Bitcoin como reserva. A Suíça busca assinaturas para levar a ideia a um referendo, enquanto líderes políticos alemães e poloneses destacam o papel do ativo para diversificação econômica. Já na África do Sul, um partido de oposição sugere que o país utilize Bitcoin para monetizar energia renovável e reduzir a dependência do dólar, alinhando-se com parceiros do BRICS.

O movimento também se espalha pela Ásia e América Latina, com Japão, Hong Kong e Venezuela avaliando o Bitcoin como ferramenta de estabilidade econômica e resistência a crises. Apesar da crescente adoção e debates globais, desafios permanecem, incluindo o alto custo de aquisição e a resistência de setores céticos que veem o ativo como especulativo. O avanço das discussões, no entanto, coloca o Bitcoin cada vez mais próximo de ser considerado um ativo essencial nas estratégias financeiras globais.

Escrevo aqui no Radar Crypto representando o time da Empiricus Gestão.
É sempre um prazer compartilhar essas ideias com vocês!

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Forte abraço,
Marcello Cestari