Bússola do Mercado

Mercados em alerta com recessão nos EUA e impactos globais

Yasmin Orozimbo

13 mar 2025, 15:06 (Atualizado em 13 mar 2025, 15:21)

O receio de recessão nos EUA voltou a pesar sobre os mercados. O presidente Trump admitiu que uma contração econômica “não está descartada”, elevando a incerteza e pressionando o humor dos investidores. O payroll de fevereiro veio abaixo do esperado, com criação de 151 mil vagas ante projeção de 160 mil, enquanto a taxa de desemprego subiu para 4,1%. Já o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) avançou 0,2% no mês, abaixo dos 0,3% esperados, trazendo uma percepção de alívio momentâneo sobre a inflação. No acumulado em 12 meses, a taxa recuou para 2,8%.

No geral, os números indicam uma desaceleração, mas ainda sem força suficiente para provocar uma mudança imediata na política monetária do FED. Enquanto isso, a escalada tarifária segue como um fator de alta volatilidade, com novas declarações do presidente norte-americano adicionando instabilidade ao mercado.

A aversão ao risco se intensificou. O S&P 500 já acumula queda próxima de 6% em março, com o setor de tecnologia puxando as perdas. Empresas como Tesla e Nvidia registraram quedas acentuadas, refletindo temores de menor demanda global – um movimento que, na nossa visão, parece exagerado.

Os efeitos se espalharam para os mercados emergentes, incluindo o Brasil. O temor de recessão nos EUA fortaleceu o dólar globalmente, levando a moeda a R$ 5,85 por aqui. O Ibovespa oscilou entre leves altas e quedas moderadas, pressionado pelo cenário externo e pela desvalorização das commodities.

No Brasil, o PIB do quarto trimestre de 2024 veio abaixo das expectativas, com alta de 0,2% no trimestre, enquanto o mercado projetava 0,4%. Na comparação anual, a economia cresceu 3,6%, abaixo da projeção de 4%. O setor agrícola foi um dos principais vilões, puxado pela retração na pecuária. O consumo das famílias recuou 1%, pressionado pela inflação persistente, com destaque para a alta anualizada de 17% nos preços dos alimentos 4T24.

Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu a taxa de depósito em 25 bps, para 2,50% ao ano. Esse foi o quarto corte consecutivo, e o comunicado veio com um tom mais brando. O BCE enfrenta desafios adicionais com as novas diretrizes fiscais da Alemanha e da Zona do Euro, além da incerteza sobre a política comercial dos EUA, reforçando a dependência dos dados nas decisões futuras.

Falando na Alemanha, o país tem elevado significativamente seus investimentos em defesa nos últimos anos. O governo vem ampliando os aportes para modernizar suas forças armadas, incluindo a aquisição de novos equipamentos. A mudança de postura marca uma guinada geopolítica após décadas de cortes no setor militar. Esse movimento tem refletido no desempenho do mercado financeiro do país, com o índice registrando ganhos em resposta a perspectiva de estímulo à indústria de defesa

Na China, a preocupação agora é a deflação. O Índice de Preços ao Consumidor caiu 0,7% em fevereiro. O movimento reforça as incertezas sobre a demanda doméstica e a necessidade de novos estímulos fiscais por parte de Pequim.

Com tantos pontos de atenção, o mercado segue tentando precificar um cenário ainda incerto. Nos EUA, a recessão entrou no radar, mas o mercado de trabalho ainda resiste. Na Europa, o BCE apresenta novos cortes de juros, mas precisa lidar com um ambiente fiscal cada vez mais apertado. Já na China, a deflação acende um alerta para novos estímulos. No Brasil, a combinação de dólar forte, commodities pressionadas e PIB mais fraco mantém o investidor em compasso de espera. Em um ambiente de alta volatilidade, a seletividade e a leitura cuidadosa dos dados seguem sendo essenciais para navegar os próximos movimentos.

Com a nossa Bússola do Mercado calibrada, como ficaram os resultados dos fundos?

Agora é hora de conferir como algumas estratégias Empiricus Gestão enfrentaram as turbulências recentes, com data-base de 10/03.

O Empiricus Market Makers acumula alta de 2,65% nas primeiras semanas do mês, impulsionado por HBR Realty (HBRE3) e Vivara (VIVA3), dos setores imobiliário e de consumo, respectivamente. Ainda em ações, destaque para o fundo de alocação Empiricus FoF Melhores Fundos Ações (1,72%) e sua versão de previdência Empiricus FoF SuperPrevidência Ações (1,52%) no mesmo período.

Nos multimercados, o Empiricus Carteira Universa registra alta de 0,55%, com contribuição positiva dos books de ações e renda fixa. Sua versão previdenciária, Empiricus Icatu Carteira Universa Prev, mesmo com limitações regulatórias que reduzem sua aderência a carteira tradicional, apresenta um desempenho de 0,65% no período.

O Empiricus FoF Nova SuperPrevidência, fundo de alocação multiestratégia, avança 0,45% no mês, superando o CDI (0,20%). O desempenho foi impulsionado pela exposição à renda variável, com destaque para o fundo Tarpon GT, e pela alocação em inflação longa.

Fique de olho, pois a cada quinzena seguimos acompanhando de perto como essas variáveis evoluem e quais novas oportunidades — ou riscos — podem surgir no caminho.

Abraços,
Yasmin Orozimbo

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