Bússola do Mercado

Mercados globais reagem a tarifas e volatilidade continua elevada

Yasmin Orozimbo

10 abr 2025, 18:03 (Atualizado em 11 abr 2025, 9:33)

Abril começou com intensa volatilidade nos mercados globais. O Índice de Volatilidade do Mercado (VIX), conhecido como “índice do medo”, ultrapassou a marca de 50 pontos, refletindo a crescente apreensão. O VIX mede a expectativa de volatilidade futura com base nas opções do S&P 500. Ultrapassar a barreira dos 50 pontos não é algo corriqueiro, vimos o VIX atingir patamares semelhantes durante a crise financeira de 2008 e a pandemia de COVID-19 em 2020. O problema não é apenas a superação de 50, mas sim a capacidade do índice se manter elevado por um período prolongado, o que poderia intensificar ainda mais a aversão ao risco.

A principal causa dessa volatilidade é a escalada nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Em 2 de abril, data que o presidente Donald Trump denominou “Dia da Libertação”, foi anunciado um aumento das tarifas sobre produtos de diversos países, incluindo os produtos chineses em 34%, além dos 20% já existentes. Essa medida visava pressionar a China a modificar suas práticas comerciais, consideradas desleais pelo governo americano. A China respondeu em seguida com a imposição de tarifas de 34% sobre todos os produtos americanos, intensificando essa guerra comercial.

No dia 09, Trump anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas para mais de 75 países que manifestaram interesse em negociar soluções comerciais e não retaliaram, mantendo uma tarifa mínima de 10% durante esse período. Contudo, a China foi excluída dessa pausa, e as tarifas sobre seus produtos foram elevadas para 125%.

Esse cenário lembra o episódio histórico do Smoot-Hawley Tariff Act de 1930, conforme abordado na última carta mensal, quando os EUA implementaram tarifas elevadas que resultaram em retaliações globais e aprofundaram a Grande Depressão. Embora o contexto atual seja diferente, a escalada tarifária levanta preocupações sobre uma possível desaceleração econômica global.​

A reação dos mercados foi imediata, o S&P 500 registrou quedas significativas nos dias anteriores, refletindo a incerteza gerada pelas tensões comerciais. No entanto, após o anúncio da pausa de 90 dias nas tarifas para outros países, os mercados acionários apresentaram uma recuperação. No mesmo dia do anúncio, o S&P 500 subiu 9%, enquanto o Nasdaq avançou 12%, indicando um alívio no curto prazo, diante da possibilidade de negociações comerciais mais favoráveis. ​

No mercado de commodities, o petróleo continua sob pressão, com preços em queda devido à desaceleração global e ao aumento da produção pela OPEP. No Brasil, o cenário externo volátil impacta diretamente, embora o Ibovespa tenha registrado uma alta de 6% em março, o ambiente global incerto e as elevadas taxas de juros de longo prazo representam desafios para a continuidade desse desempenho positivo.​

Diante desse panorama, a diversificação de portfólio é essencial. Vamos, então, acompanhar de perto os desdobramentos dessas tensões comerciais.

Com a nossa Bússola do Mercado calibrada, como ficaram os resultados dos fundos?

Agora é hora de conferir como algumas estratégias Empiricus Gestão enfrentaram as turbulências recentes, com data-base de 08/04.

Nesse contexto, os fundos com exposição ao dólar e a ativos internacionais se beneficiaram. O fundo de alocação Empiricus FoF MF Global acumula alta de 1,04% nas duas primeiras semanas de abril, enquanto o fundo de gestão passiva Empiricus Dólar avança 4,87% no mesmo período, refletindo a valorização da moeda americana.

Nos multimercados, o Empiricus FoF MF Multimercados e sua versão de previdência acumulam 0,66% e 0,90%, respectivamente, nas duas primeiras semanas de abril. Já o Empiricus FoF MF Retorno Absoluto, fundo com perfil mais arrojado, apresenta alta de 0,94% no mesmo período, beneficiado por estratégias de multimercados e long bias.

Fique de olho, pois a cada quinzena seguimos acompanhando de perto como essas variáveis evoluem e quais novas oportunidades — ou riscos — podem surgir no caminho.

Abraços,
Yasmin Orozimbo 

Conteúdos Relacionados

27 mar 2025, 13:10

Rotação global ganha força em semana de Super Quarta

Na edição passada, havíamos comentado sobre o forte movimento de realocação de portfólios, com destaque para os investimentos na Alemanha, impulsionados por um pacote fiscal voltado ao setor de defesa. Esse fluxo vinha se refletindo de forma positiva nas bolsas da região e, desde então, o movimento ganhou ainda mais amplitude. Segundo dados da LSEG …

Ler Conteúdo

13 mar 2025, 15:06

Mercados em alerta com recessão nos EUA e impactos globais

O receio de recessão nos EUA voltou a pesar sobre os mercados. O presidente Trump admitiu que uma contração econômica “não está descartada”, elevando a incerteza e pressionando o humor dos investidores. O payroll de fevereiro veio abaixo do esperado, com criação de 151 mil vagas ante projeção de 160 mil, enquanto a taxa de …

Ler Conteúdo

27 fev 2025, 11:52

Desgaste Político e Tensões Comerciais Redesenham o Cenário

O cenário era de otimismo, com um ambiente local sem grandes ruídos e um movimento global favorável para ativos de risco. O mercado acionário brasileiro vinha apresentando resultados positivos, mas a estrutura econômica seguiu inalterada. Alguns dados, como o saldo positivo na geração de empregos, foram bem recebidos, mas não eram suficientes para sustentar uma …

Ler Conteúdo

14 fev 2025, 11:48

Entre Inflação, Juros e Tarifas: O Que Esperar do Mercado?

Janeiro ficou para trás, e fevereiro já começa com novos dados econômicos nos EUA, discursos do Powell e mais anúncios sobre tarifas. O Payroll de sexta (07), que mede a criação de empregos formais nos EUA, registrou 143 mil novas vagas, abaixo das 170 mil esperadas. A taxa de desemprego seguiu em 4,0%, indicando um …

Ler Conteúdo

30 jan 2025, 17:05

DeepSeek, “America First” e a Super Quarta no radar

Você acompanhou, na semana passada, através do Diário de Bordo, que o discurso de posse do Trump foi mais amistoso do que o esperado — principalmente no que diz respeito ao tema das tarifas. No entanto, poucos dias depois, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, ele voltou a abordar o assunto, focando nas tarifas …

Ler Conteúdo

Receba conteúdos exclusivos diretamente em seu e-mail