Diário de Bordo
Primeira semana do resto das nossas vidas
Um bom técnico precisa de um bom time para conquistar seus objetivos. Mais do que agradar àqueles que o assistem e sustentam, ele precisa ter confiança nos seus escolhidos e apresentar seu plano de trabalho. Com isso, em tese, ele conquista um voto de confiança da torcida e tem tempo para buscar os resultados.
Na última segunda-feira, 17 dias antes de sua estreia na Copa do Mundo no Catar, Tite convocou os 26 jogadores da seleção brasileira de futebol.
A convocação foi resultado de um trabalho de 4 anos. Nesse período, Tite comandou o time em 30 jogos oficiais, com 24 vitórias, 5 empates e apenas 1 derrota (para a Argentina, na final da Copa América do ano passado). Marcamos 65 gols e sofremos apenas 9. Além desses, disputamos mais 20 amistosos, com 14 vitórias, 4 empates e 2 derrotas.
Tite testou 84 jogadores para esses 50 jogos e destes escolheu seus 26 finalistas. A lista trouxe poucas surpresas. O veterano Daniel Alves por enquanto é o mais contestado pela torcida e mídia esportiva, enquanto Gabriel Martinelli foi a “zebra”. Outros tantos ficaram de fora. Eu e a torcida do Flamengo gostaríamos de ver Gabi (nenhum dos convocados fez tantos gols quanto ele, neste ciclo) e Rodlindo, na lista, mas estamos felizes em ter Everton Ribeiro e Pedro convocados!
Tite fez o seu papel. Convocou seu time, apresentou sua estratégia e está pronto para o que vem pela frente. Deveria servir de exemplo para o futuro vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Escolhido pelo futuro presidente para comandar a equipe de transição do governo, Alckmin ainda precisa escalar seu time. Faltando cerca de 50 dias para a estreia, a convocação dos nomes é mais complicada (e demorada) do que o mercado gostaria. Não só a demora, mas a estratégia de lançar rumores e testar a aceitação dos nomes antes de uma definição, também parece ter limites.
A equipe de transição foi anunciada, aos trancos, nos dias que se seguiram aos muitos rumores sobre os nomes que vão compor as diferentes frentes, bem com os ministros que estarão na convocação final.
Surpresas como os rumores de Haddad no lugar de Meirelles na Economia, mesmo que acompanhado de um nome técnico forte para o Planejamento (falou-se até em Armínio Fraga), não agradaram o mercado. A presença de Boulos e outros nomes com mais cunho político do que técnico também contribuíram para a volatilidade observada.
Pelo menos durante a transição, na frente econômica, alguns dos pais do plano Real, como Andre Lara Resende e Pérsio Arida, vão dividir a mesa com a volta da escola de pensamento da Unicamp e Nelson Barbosa. Mas mesmo isso vem sendo questionado.
Claro que o prazo é muito curto para qualquer análise mais profunda. Só ao longo das próximas semanas é que poderemos ter uma leitura mais clara de qual a estratégia pensada para o futuro governo do país. Quanto mais rápido isso acontecer, mais chance do mercado se acalmar e retomar a trajetória positiva dos primeiros dias do mês, na semana passada.
A principal dúvida para o mercado local e investidores internacionais é saber qual o tamanho do rombo fiscal que o Congresso vai contratar para o ano que vem (e seguintes) e como o novo governo espera pagar essa conta. E, além disso, qual será o time que terá essa árdua tarefa pela frente.
A estimativa pré-eleição de um rombo de R$ 100 bilhões já parece ter dobrado de valor nas propostas que circulam em Brasília. O “orçamento secreto”, rebatizado de “emendas do relator”, engordou e deve transbordar para dentro da PEC da Transição a ser apresentada por Alckmin.
Hoje (quinta-feira 10/11), o mercado parece ter perdido a paciência com o novo governo e mandou seu recado através de um mini-crash nos ativos. O Ibovespa chegou a cair mais de 3%, sendo negociado abaixo dos 110 mil pontos. O Dólar, que na semana passada recuou para quase 5, chegou aos 5,36, enquanto a curva de juros subiu fortemente. Inclusive chegou a precificar que não teríamos queda nos juros em 2023! Isso que é risco fiscal! O novo governo precisa mostrar logo sua estratégia e seu time.
Enquanto isso, mundo afora o jogo continua. Na terça-feira (08/11) tivemos as eleições para o Congresso nos EUA. Nas midterms, como são chamadas as eleições no meio do mandato presidencial, 435 assentos da Câmara são renovados junto com 35 dos 100 assentos do Senado, além de alguns governadores estaduais.
A expectativa era que uma “onda vermelha” daria aos Republicanos a maioria em ambas as casas. Desde Bill Clinton, todos os ex-presidentes (Bush, Obama e Trump) foram eleitos com a maioria em ambas as Casas no Congresso, mas perderam a liderança no meio dos seus mandatos.
A disputa, apesar de praticamente (Senado ainda está indefinido) confirmar a vitória dos Republicanos, foi bem mais acirrada do que o esperado. Com esse resultado, o presidente Biden perde força para seguir com sua estratégia de aumento dos gastos públicos no restante do seu mandato. Isso deve reduzir um pouco a pressão inflacionária e, consequentemente, aliviar a expectativas do mercado para a alta de juros, por lá.
O resultado também marca a volta do ex-presidente Trump ao cenário político, disposto a disputar as eleições presidenciais em 2024. Trump trabalhou forte na campanha de vários candidatos do partido Republicano, nesta eleição.
Por falar em juros, também por lá, hoje o número de inflação surpreendeu para baixo. O núcleo veio em 0,3%, enquanto o esperado era 0,5%. O mercado reagiu fortemente, com o S&P 500 subindo mais de 4% (enquanto o nosso Ibovespa caía na contramão…)
Do outro lado do mundo, começou esta semana mais uma edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a 27ª, em Sharm el-Sheik, no Egito. Conhecida por ser um destino cobiçado para mergulho, no Mar Vermelho, a cidade agora recebe vários líderes mundiais que voltam a discutir a questão climática depois do “apagão” dos últimos anos com a pandemia, invasão da Ucrânia e consequente colapso da dinâmica de fornecimento de energia na Europa.
O nosso novo presidente eleito é esperado por lá. Será uma boa oportunidade de testarmos a boa vontade do mercado internacional com ele, em particular no assunto de proteção ao meio-ambiente.
A ONU parece focada em não abandonar os objetivos traçados no Acordo de Paris, em 2015, e tem atacado a prática do greenwashing (empresas estariam buscando lucrar enquanto fingem estar preocupadas em lutar contra a destruição do meio-ambiente). O desafio é definir quem vai forçar as empresas a reduzir suas emissões. Em um dos discursos de abertura da Conferência, o presidente francês Macron puxou a orelha dos EUA e China, dizendo que a Europa não pode assumir esse papel sozinha.
E falando em China… a Covid volta a avançar por lá: após seis meses com números baixos de casos do vírus. Até lockdown já foi decretado em um dos grandes centros de exportações do país, Guangzhou, uma cidade portuária. O governo reiterou a política de “Covid zero” acabando com diversos rumores de que haveria uma flexibilização. Naturalmente, as notícias frustraram investidores pelo mundo todo, afetando as Bolsas de Xangai e Hong Kong, que voltaram a fechar em queda. O minério de ferro que estava apresentando altas dias atrás, começou a cair.
Como você pode ver, é muito assunto misturado e todos contribuindo para trazer mais instabilidades para os ativos.
Enquanto uns ganham, outros perdem. O que está acontecendo no mercado das Criptomoedas…
Enquanto a maior loteria da história (Powerball JackPot) sorteou um novo bilionário ao pagar o prêmio recorde de US$ 2,1 bilhões, Sam Bankman-Fried, CEO de uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo, a FTX, saiu da lista de bilionários, ao ver sua fortuna (avaliada no início da semana em US$ 16 bilhões) evaporar-se na terça-feira.
Rumores sobre a saúde financeira da operação levaram a uma “corrida bancária” contra a insolvência. A história começou quando o Coin Desk, um dos maiores portais de notícias de criptoativos do mundo, publicou uma história da Alameda Research, braço de investimento da FTX, dizendo que a empresa estaria com dificuldade em relação ao lastro de operações de empréstimos de criptos, o que poderia levar à insolvência, carregando junto a FTX.
Os CEOs da FTX e da Binance se posicionaram no Twitter informando ao mercado de que as duas exchanges estavam em negociação para a Binance adquirir a FTX e ajudá-la a resolver essa questão de insolvência.
No primeiro momento, o mercado reagiu bem a essa notícia, porém voltou a cair depois que a Binance formalizou a informação de que a aquisição estava fora de cogitação. Toda essa questão gerou medo, incerteza e dúvida entre os investidores de cripto e, logo em seguida, o mercado despencou. Para se ter uma ideia, nas últimas 24 horas o preço do Bitcoin chegou à mínima do ano e chegou a ser negociado em US$15.588. A última vez que isso aconteceu foi em novembro de 2020. É um dos eventos mais marcantes desse mercado.
Mercado segue volátil esperando um novo “salvador da Pátria” para evitar a falência da FTX e Alameda, enquanto ainda procura entender o real tamanho do buraco e suas consequências.
Se você quiser saber mais sobre o que está acontecendo nos mercados de criptomoedas, liberamos gratuitamente um relatório com análise do momento, escrito pelo Vinicius Bazan, analista e especialista em criptomoedas na Empiricus Research, e seu time. Acesse aqui. Se você é cotista de algum dos nossos fundos de cripto, já deve ter recebido esse material que lhe foi enviado por e-mail, hoje mais cedo.
Mais um respiro: 4 meses seguidos de alta
Sem fugir da tradição, ontem aconteceu mais uma Live mensal do Carteira Universa com o Felipe Miranda, Larissa Quaresma, João Piccioni, Fernando Ferrer, Kiki e eu. Como você já viu no título desta seção, o fundo vai bem nos últimos tempos. Já são quatro meses seguidos de alta e segue recuperando as perdas do ano. Esperamos (e trabalhamos – muito…) para que continue assim.
Para o Felipe Miranda, “Os últimos 4 meses foram de resiliência. Uma alta vigorosa da cota do fundo e da Carteira Empiricus em um mês muito complexo. Uma complexidade em três grandes níveis: (i) nos EUA, Jerome Powell afirmando que o Fed irá aumentar, mesmo, os juros. (ii) Na China, o debate sobre a reabertura, a terceira recondução do Xi Jinping, a imagem do Hu Jintao sendo convidado a se retirar do congresso; (iii) E, no Brasil, as eleições”.
Se você não assistiu, reserve um tempo para ver com calma. Vale super a pena se você quer entender mais sobre o desenrolar das Bolsas e o cenário atual. É só clicar aqui.
Como foram os nossos outros fundos em outubro?
O último mês foi um acúmulo de bons resultados para os fundos de Renda Variável, que estão correndo atrás dos prejuízos. Com os principais índices acionários fechando o mês no positivo, muitos de nossos fundos capturaram essas altas, recuperando uma parte das perdas acumuladas no ano.
O FoF Prev Arrojado e FoF Prev Ações, ambos de previdência, entregaram 4,37% e 6,50%, respectivamente, em outubro. Entre os fundos de ações, Oportunidades de Uma Vida (+4,67%), Dividendos (5,59%), MicroCap Alert (+6,95%), Special Situations (6,92%) e Ibovespa Index (+5,48%), entregaram os maiores retornos. No geral, ainda com resultados negativos no ano.
Na classe de Multiestratégias, o Essencial Arrojado ficou em primeiro lugar, com retorno de +2,90%. Logo atrás temos o Kit Brasil, fundo que compila um pouco de Renda Fixa com Renda Variável e que entregou 2,82%. Nas Commodities, Carbono foi o que mais subiu, alcançando +18,44% somente em outubro, mas ainda tem perdas no ano. São -20,93% negativos.
O Tech Asia caiu –20,89% em outubro e, no ano, cai –48,26%, apesar de uma leve alta neste início de novembro de +6,66%. O Metaverso também está com desempenho negativo. Em outubro a queda foi de –4,49% e, no ano, são -59,77% de queda. Parte do mau desempenho se deve aos problemas com as ações de crescimento, como Meta e Take-Two, que tiveram as maiores baixas dentro do fundo.
Os fundos de Cannabis também tiveram altas relevantes em outubro (18,99% e 15,75%) com os rumores de avanço na legalização nos EUA. Mesmo assim, o Canabidiol cai –59,95% no ano e o Cannabis Ativo – 62,73%.
Os fundos de Cripto também estão com resultados negativos – principalmente agora, em novembro, visto que estamos passando por um evento um tanto quanto marcante neste mercado. Hoje, por exemplo, Bitcoin atingiu a menor cotação em dois anos. Expliquei melhor o que está acontecendo neste mercado mais acima.
As maiores baixas no mês estão com os fundos Cripto NFT (-16,42%) e Cripto Defi (-13,67). No ano, são -82,13% e –72,69%, respectivamente. No mês, o CriptoMoedas cai –6,96%, e no ano já são -63,36%.
Se quiser conferir os detalhes de todos os fundos sobre o fechamento de outubro, acesse a Carta do Gestor aqui. Ou o vídeo onde eu e o Kiki falamos sobre a rentabilidade dos fundos.
Também atualizamos o ranking mensal de fundos. Ao acessar o link, você pode conferir os Hot Picks: os fundos de previdência para você aproveitar o benefício fiscal. Para acessar o ranking, clique aqui.
Novidades da Prateleira de Fundos
Antes de falar de três fundos que disponibilizamos para você, vou comentar sobre uma abertura e um fechamento de fundo.
Primeiro, o Sul América Excellence, fundo de Renda Fixa com liquidez em um dia útil, irá fechar para aportes na próxima segunda-feira. Por outro lado, o Multimercado Novus Macro D5, que tem liquidez em 5 dias úteis, reabriu recentemente.
Passando para as novidades, lançamos o Ace Capital Vantage, fundo de Renda Fixa Ativa, e o Legacy Credit, fundo de Crédito Privado. Ambos são de casas renomadas que possuem seus multimercados recomendados pela turma dos Melhores Fundos.
Por fim, vale destacar a estreia da Solana, na prateleira, com o Solana Long and Short.
Nova Carteira mensal de dividendos disponível
Já está disponível a carteira mensal de dividendos, elaborada pelo Sergio Oba, nosso head de research e analista. Essa carteira reúne uma lista de ativos bons geradores de dividendos.
Ao seguir as recomendações, você pode ter chances de receber esses dividendos periodicamente na sua conta.
Caso queira conferir a carteira agora mesmo, basta clicar no botão abaixo:
Caso você tenha alguma dúvida ou sugestão, basta enviar-nos pelo
atendimento@empiricusinvestimentos.com.br.
Até a próxima semana.
Um abraço,
Jojo.
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