Diário de Bordo
To be or not to be
To be, or not to be, that is the question:
Whether ‘tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles
And by opposing, end them. To die—to sleep,
No more;
Me preparando psicologicamente para ver meu filho mais velho ir estudar engenharia na Inglaterra, lembrei-me de quando morei lá em minha infância, de 1983 a 1990.
Como era de se esperar, estudávamos bastante Shakespeare, e tínhamos que decorar e recitar os principais monólogos das peças.
A frase “Ser ou não ser” de Hamlet é uma das mais conhecidas e citadas na literatura inglesa moderna, e o discurso é referenciado em diversas obras da cultura moderna.
Hamlet está pensando sobre a vida e a morte. É a grande questão que Hamlet coloca sobre a existência humana em geral e sobre a sua própria existência em particular. Uma reflexão sobre um estado de ser versus um estado de não ser.
Acho que o impacto da frase inicial do monólogo é principalmente por causa do equilíbrio dualista em sua forma mais crua: estar vivo ou morto.
E esse equilíbrio serve para tudo, desde o mais simples “doce ou salgado” até questões mais profundas como o “bem e o mal”.
Uma questão bem menos filosófica é a decisão do COPOM desta quarta-feira. Há muito tempo não via uma expectativa tão grande para essa reunião. As apostas se consolidaram em um consenso de queda de 0,5% na taxa básica de juros para 13,25%.
Em maio ainda discutíamos quando seria o início do corte de juros. Em junho, o consenso já mostrava a probabilidade de um corte em setembro, mas de apenas 0,25%.
Julho mostrou um pouco que estávamos certos em nossa expectativa de queda de juros mais rápida e mais forte que o mercado espera.
Dados de inflação vieram consistentemente abaixo do esperado. O IGP-M de julho mostrou uma deflação de -0,72% no mês e de -7,72% nos últimos 12 meses. Já o IPCA-15 teve uma leve deflação de -0,07% em julho e acumula apenas 3,19% nos últimos 12 meses, teoricamente dentro do centro da meta de 3,25% de 2023.
Mas a expectativa ainda é de uma inflação mais forte no segundo semestre. A pesquisa Focus, muito utilizada pelo Banco Central para suas projeções, mostra um IPCA de 4,84% para 2023, levemente acima do topo da banda superior (4,75%).
O Real está bem comportado, oscilando entre 4,7 e 4,8 e abaixo de 5,0 desde o início de junho, o que acaba contribuindo para uma inflação menor.
O Chile surpreendeu sendo agressivo e abaixando os juros em 1% na última sexta-feira, para 10,25%.
O risco político vem se dissipando aos poucos, sobrando apenas ruídos, se bem que barulhentos como a péssima indicação de Marcio Pochmann para o IBGE.
Além disso, o risco de um crash nos Estados Unidos parece ter ficado para trás, com um provável soft-landing (recessão rápida e branda) e até algumas apostas em um no-landing.
Tudo conspira para uma surpresa nos cortes, com a inflação fechando bem menor que os 4,84% do relatório Focus.
Inclusive os próprios economistas vêm revisando esse número sistematicamente para baixo. No final de março a expectativa era de uma inflação de 5,96% para 2023! Bela mudança em apenas 4 meses!
Por isso mantemos nossa expectativa positiva principalmente para a bolsa brasileira, que se estabilizou acima de 115 mil pontos, mas tem muito espaço para se valorizar ainda em termos de valuation.
O juros pode ser o gatilho que esperávamos. E tudo começa nesta quarta!
18,24% contra 13,89% do Ifix no ano
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relacionamento@empiricusinvestimentos.com.br
Até a próxima semana!
Um abraço,
Rodrigo Knudsen
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